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Sou pároco da Paróquia São Judas Tadeu de Poços de Caldas - Coordeno a Pastoral da Juventude Setor Poços - Diocese de Guaxupé - vivo para servir e sirvo para viver!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Cachorro velho


Esses dias estava eu na Igreja adorando o Santíssimo Sacramento. Lá estava meu Jesus exposto, sobre um lindo altar, ornado com flores lidas. A igreja estava com poucas luzes, uma melodia instrumental quebrava o silêncio.
Clima gostoso. Tudo calmo. Sem a correria do dia-a-dia, sem a falação das pessoas e sem a minha própria falação. Sem ter que resolver alguma coisa imediatamente.
E de repente o esperado aconteceu: adormeci. Aos poucos meus olhos foram se fechando, minhas ondas celebrais se acalmando. A imagem do altar e do meu Jesus exposto foram ficando cada vez mais longe. E me entreguei ao cansaço físico e espiritual.
Em questão de segundos, sonhei. Alias, mais que um sonho me veio a lembrança uma imagem que estava guardada no meu inconsciente e que aquele momento aflorou. A imagem que me veio foi aquele que vi quando estava eu fazendo visitas missionárias a uma comunidade rural. Cheguei à casa de uma família e lá moravam um casal de velhinhos.
Fui recebido com muito carinho e amor, rezamos em torno da mesa da cozinha. Depois partilhamos de um café gostoso, feito na hora e de um bolo de fubá.
Quando quis ir embora fui convidado a sentar na sala para terminar aquele prosa de conversa. E foi o que fiz. Sentei-me num sofá de três lugares, ao meu lado sentou aquela senhora de aparência tão calma e numa poltrona no meio da sala sentou o velho senhor. Conversa vem e conversa vai, de repente entrou na casa um cachorro já velhinho, alguns pelos brancos, e deitou-se aos pés daquele senhor.
E com um sorriso lindo o velho homem acariciou o seu cão. E disse-me que era sempre assim. Seu cachorro saia de manhã, andava pela roça, corria, vivia varias aventuras e quando ficava cansado voltava para casa e ficava deitado aos seus pés, e ali dormia tranquilamente e descansava para depois voltar as suas aventuras.
Neste instante abri meus olhos e acordei. Voltei para onde estava: na Igreja em plena adoração. Mas aquele sonho me fez perceber algo lindo.
Ali estava acontecendo a mesma coisa que presenciei aquele dia na minha visita. Cão velho e cansado das aventuras do dia-a-dia era eu e Jesus sentado naquela poltrona no meio da casa, que podemos chamar de altar, era aquele senhor que acolhia e acariciava aquele cão que buscava segurança aos pés de seu senhor.
Assim me sinto quando o clima de adoração me faz fechar os olhos e dormir: sou como um cão que dorme tranqüilo aos pés do seu dono.

Padre Bruce

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