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Sou pároco da Paróquia São Judas Tadeu de Poços de Caldas - Coordeno a Pastoral da Juventude Setor Poços - Diocese de Guaxupé - vivo para servir e sirvo para viver!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Metade

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca;
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza;
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade...

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta
A um homem inundado de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo...

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão...

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei...

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço...

(...)
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção...




E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade... também.

(Oswaldo Montenegro - Metade)

segunda-feira, 15 de março de 2010

No evangelho de Lucas no capitulo 7,11-17 ele relata um milagre esplendido de Jesus: chegando numa cidade chamada Naim o senhor viu uma grande multidão carregando um defunto para enterrá-lo e junto ia uma viúva. Era o corpo de um jovem e a viúva era sua mãe. Nós do grupo de Jovens “Coração Sagrado” conseguimos uma entrevista com este jovem e por isso não vamos contar este milagre, vamos deixar que este mesmo jovem conte.

Coração Sagrado: e ai meu amigo, tudo bem com você?

Jovem: sim, agora está ótimo.

Coração Sagrado: Estamos aqui porque queremos saber o que aconteceu exatamente com você naquele dia em que Jesus te encontrou.

Jovem: ah sim! Então vocês também ficaram sabendo o que aconteceu comigo. Nossa aquele dia foi lindo. Nunca imaginei passar por tantas coisas assim. Passei da vida para a morte e da morte para vida.

Coração Sagrado: Como assim da vida para a morte e da morte para vida?

Jovem: Isso, vou explicar então.

E sentando mais um pouco na ponta do sofá o jovem me olhou nos olhos e fixamente começou a falar

Jovem: Eu sempre fui um jovem alegre, obediente a minha mãe, sempre tive bons amigos, sempre me dediquei nas coisas que eram de minha responsabilidade. Mas um dia conheci uns amigos diferentes. Pensavam diferente, agiam diferente. E com o tempo fui percebendo que eram felizes.

Coração Sagrado: E quando você diz “diferente” o que você quer dizer?

Jovem: Tipo, ao invés de obedecer os pais, eles eram livres, andavam onde queriam, faziam o que queriam, não respeitavam as pessoas porque se achavam iguais ou até melhor que elas. Buscavam a liberdade a qualquer preço. E como eram felizes! Isso me fez repensar minha vida, e percebi que eu estava era perdendo tempo. Pois desde que meu pai faleceu eu não fiz outra coisa a não ser ajudar em casa e cuidar de minha mãe. Esses meus amigos me ajudaram ver que estava perdendo minha juventude.

Coração Sagrado: espera um pouco, assim você esta me deixando com medo. É assim mesmo que você pensa?

E soltando uma grande risada o jovem ficou de pé e foi ate a janela buscar um pouco de ar. Depois encostou seu cotovelo na janela, olhou para mim, fechou a cara.

Jovem: eu não penso assim, mas naquele tempo eu pensava. É incrível como é mais fácil os amigos nos convencerem de certas coisas do que nossos pais. Eu errei muito. Comecei a desobedecer minha mãe, não ajudava mais em casa. Só ficava nas ruas, andando de cidade em cidade. Busquei minha liberdade. Fiz coisas horríveis que prefiro nem falar aqui. Coisas que você nem pode imaginar. Coisas que eu nunca imaginei que podia fazer. E como diz a São Paulo “O salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23).

E voltando para o sofá ele exclamou:

Jovem: Alias, falando em Paulo, ele me mandou uma carta semana passada. Este gosta de escrever né!

E deu um sorriso sincero.

Coração Sagrado: quando você diz que o salário do pecado é a morte, quer dizer que seus pecados te mataram?

Jovem: exatamente!!! O pecado aos poucos vai nos matando. Não que seja sempre a morte física, mas a morte espiritual. Aos poucos vamos perdendo a alegria, a paz, a tranqüilidade. Nos afastamos de quem realmente nos ama. E assim perdi minha vida. E um dia uma grande multidão de amigos e familiares decidiu me enterrar. É assim mesmo, enterramos aquilo que já morreu e não gera mais nada. E aquele dia foi muito triste para mim. Até que...

Antes mesmo que ele continuasse a falar, entrou pela porta da sala, carregando uma bandeja com duas xícaras de café uma mulher de aparência calma e tranqüila e continuando a frase que ela mesmo tinha interrompido.

Mulher: Até que passou por nós aquele homem maravilhoso, que sentiu compaixão: Jesus! Nem pude acreditar que estava lá o Jesus tão famoso, que as pessoas estavam falando. Ele tocou o caixão de meu filho e imediatamente ele se sentou e começou a falar.

Coração Sagrado: A senhora é a mãe dele? A Viúva que fala no evangelho? Nossa, me perdoe, mas pensei que a senhora fosse idosa, pois o evangelho diz “viúva”.

Mulher: Ah, não se preocupe. Muitos pensam assim mesmo. É que meu marido morreu cedo. E desde cedo eu e meu filho lutamos para sobreviver.

Jovem: mãe, conta pra eles o que Jesus te falou depois que me tocou e devolveu a vida.

Mulher: Jesus, como é gostoso falar e ouvir o nome dele. Então, Jesus veio, me abraçou. E disse olhando em meus olhos: “Mulher, não tenhas medo. Hoje devolvi a vida para seu filho. Da morte eu o tirei. Eis que faço novas todas as coisas. Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Sou o alimento que mata sua fome de paz, de amor e de perdão”. E pra terminar Jesus também me disse: “Falando em fome, será que eu e meus discípulos podemos nos alimentar na sua casa?”.

E neste momento nós três caímos na risada.

Jovem: e Jesus sentou neste sofá que você esta. Comeu sua comida preferida e depois descansou um pouco. Os discípulos ficaram na varanda conversando e me perguntando um monte de coisa. Ficaram La fora porque disseram que Jesus é daquelas pessoas que quando acordam, ficam um pouquinho de mau humor e que até o mar bravo, e as tempestades ele faz calar!!!

Mulher: Depois de tudo isso Jesus se levantou, lavou seu rosto. Despediu de nós e se foi pela estrada a fora com seus discípulos. Eu quis que ele ficasse, mas ele disse que tinha mais jovens para tirar da morte.