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domingo, 28 de outubro de 2007

Monografia: Catequese com os Jovens

Por Bruce Eder

A Dom José Mauro, bispo dos Jovens e ao Deus que nele se revelou.
Monografia apresentada como requisito para nota parcial para obtenção do grau de bacharel em Teologia, do Curso Livre de Teologia, da Faculdade Católica de Pouso Alegre, sob orientação da prof. Lucimara Trevisan.




Introdução



O tema escolhido deste trabalho emana da necessidade atual da Igreja de dar mais atenção ao trabalho catequético com a juventude, assim como acolher, acompanhar e favorecer a formação cristã a esses jovens. Já no primeiro capítulo iremos discorrer sobre quem é o jovem e qual a sua atual realidade no mundo pós-moderno e o que esse novo mundo trás de conseqüências a eles. O jovem é uma construção social, isto é, é resultado de uma série de concepções e modos diferentes de viver em sociedade. O jovem carrega em si resquícios positivos e negativos da vida social. Ao longo da história, a juventude brasileira vem se mostrando vulnerável e vítima das fragilidades do sistema educacional, do mundo do trabalho, da pobreza, da violência e etc. A mídia apresenta o jovem como modelo de beleza, de saúde e de alegria. Muitas vezes o jovem é apresentado como alguém de bem com a vida, despreocupado, que tem um padrão de vida e de consumo que não é acessível à maioria dos jovens.
Veremos também que uma das conseqüências da modernidade para a juventude é o subjetivismo, ou seja, um forte acento no “eu”, no emocional, no culto ao corpo, fazendo diminuir no meio da juventude, a solidariedade e a preocupação com o próximo.
Abordaremos em um segundo momento a educação da fé e o desenvolvimento da fé no jovem. Catequese deve ser entendida como processo de educação da fé. Catequese é uma forma de transmitir o conteúdo da mensagem cristã. É fazer do jovem alguém capaz de se orientar na vida, de caminhar firme com suas capacidades e desejar, durante sua vida, estar perto de Deus e assumir seu compromisso de ser um bom cristão. A catequese com jovens deve levá-los a fazer uma experiência de comunhão, de amor e de partilha. Comunhão com Deus, através da revelação salvífica de Jesus, comunhão com o próximo e, conseqüentemente, com a comunidade, fazendo surgir uma vontade de engajar na vida em comunidade.
Faremos um estudo sobre o desenvolvimento da fé do jovem desde a infância até a juventude. Veremos a importância dos pais na vivência religiosa da criança. Em seguida, será feita uma abordagem do desenvolvimento na adolescência mostrando que nesta etapa aparece certo ceticismo religioso. O adolescente não acredita em algumas narrativas bíblicas que lhe parecem fantasiosas. Mas, por outro lado, necessita de modelos e pode apreciar heróis bíblicos e santos. Na fase da juventude acontece o que chamamos de interiorização, isto é, o jovem identifica Deus com aquilo que ele busca ser, levando-o a ter uma relação pessoal com Deus, apesar de um tanto intimista.
No terceiro capítulo veremos algumas contribuições e sugestões para uma catequese que esteja mais próxima e atenta à realidade do jovem hoje. Para tanto será feita uma reflexão sobre a metodologia e linguagem utilizada na catequese com o jovem. Pois, muitas vezes a Igreja trabalha de modo equivocado com os mesmos. Os jovens querem que a Igreja seja mais presente em sua realidade, que tenha o seu jeito de celebrar e de falar, de sentir o mundo. A catequese deve ser sempre um processo, uma caminhada em que a fé e a vida vão sendo aprofundadas e fortalecidas. Portanto, não se resolve com um curso rápido, pois exige mudança de vida.























CAPÍTULO I



A JUVENTUDE NO MUNDO PÓS-MODERNO



1.1 CARACTERÍSTICAS DA JUVENTUDE NO MUNDO PÓS-MODERNO


1.1.1 Perfil Social e Econômico


Para caracterizar a juventude iremos seguir os parâmetros de organismos internacionais, que consideram os Jovens no grupo etário de 15 a 24 anos. Desta maneira, segundo o recenseamento geral da população de 2000, cerca de 34 milhões de pessoas, ou seja, 20% da população brasileira são jovens.
Por muito tempo habituou-se dizer que a juventude é uma evidencia psicobiológica, ou seja, existem as crianças que crescem, passando pela adolescência e pela juventude para chegar à idade adulta. Mas, estudos recentes afirmam que a juventude vem sendo uma construção social e, por isso, assume concepções e compreensões diferentes, conforme os momentos históricos (LIBÂNIO, 2004).
Ao longo da historia a juventude teve vários tratamentos diferentes, conforme o momento e a realidade vivida. Na Roma antiga não existia o período de adolescência e juventude, pois o indivíduo passava direto para a faze adulta. Durante o século II a.C, em Roma, foi criada a fase intermediária entre infância e adultidade. Mas, limitava-se para 25 anos a participação em cargos públicos. Assim, os adultos evitavam ter os jovens como concorrentes na vida social e isso ajudava a minoria privilegiada. Isso gerou protestos e rebeliões entre os jovens. Na Idade Média e na época pré-industrial, a criança e os adolescentes vão à escola. Nela implantou-se um estilo militar para evitar a rebelião dos jovens e afastá-los da questão social. Sempre existiu uma ideologia contra os jovens e assim se quis limitar-lhes a liberdade. Hoje ainda encontramos nas camadas populares, jovens que saem de casa para trabalhar e assumem verdadeira vida adulta, enquanto outros adultos da classe média prolongam os estudos e adiam os casamentos, trabalho autônomo e moradia fora de casa. Podemos perceber que ora alguns jovens saltam essa faze e outros prolongam-nas. Para uns, tal conjuntura inibe a entrada na idade adulta. Para outros, acelera-a para poderem simplesmente viver (CARRERO, 2006).
Há dois tipos de postura da sociedade perante os jovens. Uma quer mantê-los mais tempo fora do mercado de trabalho a fim de que os adultos não sejam obrigados a cederem seus espaços aos jovens. Outro tipo obriga o jovem a encontrar trabalho para manter a si e muitas vezes sua família. Na década de 90 houve a prolongação da adolescência, pois com o desemprego fica difícil do jovem se auto-sustentar, prolongando assim o tempo de moradia com os pais (LIBÂNIO, 2004).
A juventude vem se tornando marca criada pela mídia para impor estilo de vida, consumismo e padrão para outras idades. Crianças são freqüentemente atraídas para ser jovens e, os adultos tardam seu amadurecimento. É notável que a sociedade quer cada vez mais oferecer ao jovem a liberdade, mas sem ter responsabilidade eles correm riscos enormes. Rejeita-se uma moral repressiva para viver outras, com nova atuação desregrada (CARRERO, 1999).

A juventude é uma construção social. Uma minoria absorve o poder, a riqueza. A maioria encontra-se numa situação de marginalização e subordinação, tanto por causa da idade quanto de sua classe popular, sexo e de outras limitações. A sociedade marca, portanto, os jovens com suas características econômicas, políticas e sobre tudo culturais. E o jovem assimila esses elementos numa relação interativa (LIBÂNIO, 2004, p. 39).

Podemos afirmar que a juventude brasileira é marcada por uma extrema diversidade que manifesta as diferenças e as desigualdades sociais que caracterizam nossa sociedade. A juventude é um dos grupos mais vulneráveis da sociedade brasileira. Ela é especialmente atingida pelas fragilidades do sistema educacional, pelas mudanças no mundo do trabalho e, ainda, é o segmento etário mais destituído de apoio de redes de produção social.
Hoje os jovens se deparam com alguns problemas tais como: disparidade de renda; acesso restrito a educação de qualidade e frágeis condições para a permanência nos sistemas escolares; o desemprego e a inserção no mercado de trabalho; a falta de qualificação para o mundo do trabalho; o envolvimento com drogas licitas e ilícitas; a gravidez na adolescência; a violência no campo e na cidade; a intensa migração; as mortes por causas externas (homicídios, acidentes de transito e suicídio); o limitado acesso às atividades esportivas, lúdicas e culturais (HOFFMANN, 2006).
O impacto da pobreza, em uma sociedade que sacraliza o consumo, atinge a família, o primeiro lugar de socialização do jovem. Cresce o número de homens e mulheres que não fundam lares estáveis, levando o núcleo familiar a se desintegrar. Essa situação deixa fortes cicatrizes emocionais na personalidade de muitos jovens em um momento crítico de suas vidas.

São três marcas da juventude na atualidade: o medo de sobrar, por causa do desemprego, o medo de morrer precocemente, por causa da violência, e ávida em um mundo conectado, por causa da internet. O sentido e a dureza dessas marcas anseiam por uma Boa Notícia que, a partir de um olhar de fé, pode ser encontrada no interior da própria juventude (CNBB, 2006, p. 17).

Temos duas imagens que predominam nos meios de comunicação e na sociedade. As propagandas e as novelas apresentam os jovens como modelos de beleza, de saúde e de alegria, despreocupados, e impõe padrões de vida e de consumo aos quais poucos jovens realmente têm acesso. Os jovens são caracterizados pela força, ousadia, coragem, generosidade, espírito de aventura, gosto pelos riscos. Por outro lado, nos noticiários estão jovens envolvidos com problemas de violência ou comportamentos de risco, que são, na maior parte das vezes, negros e oriundos dos setores populares.
Desta maneira a juventude é entendida pela sociedade como individualista, consumista e politicamente desinteressada. Mas, são esteriótipos que não são fiéis à diversidade de experiências da juventude brasileira.

Para além do discurso corrente de que alguns jovens de hoje não participam, são desinteressados e alienados, alguns estudos recentes têm mostrado que os jovens desejam participar ativamente da vida social, têm muitas sugestões do que deve ser feito para melhorar a situação do país e querem dar sua contribuição ( CNBB, 2006, p. 19).

Mas, tais jovens não encontram espaços adequados, pois as formas de participação presentes na sociedade e no Estado são percebidas pelos jovens como muito distantes de sua realidade cotidiana (LIBÂNIO, 2004).
Se a juventude é uma construção social, a sociedade precisa estar preparada para formar e estar atenta às necessidades sociais e econômicas de cada jovem. Não se pode cobrar dos jovens algo que a sociedade não oferece. Para a sociedade, a juventude é uma fase importante de socialização dos valores, dos ritos, dos comportamentos sociais. Portanto, que a sociedade seja fiel a suas perspectivas vivendo e sendo o que quer ver nos jovens.



1.1.2 A Subjetividade e a Juventude


Os estudos sobre o comportamento dos jovens na realidade atual acentuam que a juventude está cada vez mais entrando no mundo da subjetividade. E entendemos Subjetividade como o conjunto de características pessoais, emocionais e culturais, que permitem a identidade própria e faz do indivíduo sujeito de suas ações. Aparentemente esse comportamento parece ser de grande valia para os jovens. Pois é louvável que cada pessoa, em determinado estágio de sua vida, esteja maduro suficiente para ser responsável por seus atos (CNBB, 2006).
Mas, a realidade mostra que a subjetividade está muito relacionada ao subjetivismo que é a doutrina filosófica que afirma que a verdade é individual. Cada sujeito teria a sua verdade. A idéia do sujeito é que projetaria o objeto. O subjetivismo atribui a fonte da verdade ao sujeito. Essa doutrina, triunfou e se espalhou pelo mundo graças ao triunfo da Revolução Francesa, e se cada um tem a sua própria verdade, fica impossível haver entendimento. Assim, quando se acentua a subjetividade, há uma tendência ao egoísmo e ao egocentrismo.

Neste contexto, faz-se necessário buscar um equilíbrio entre o projeto individual e o projeto coletivo. Os dois grandes movimentos do nosso tempo, o movimento pela justiça social e o movimento pela auto-realização, são metas de um todo esperando para se unirem numa grande força de renovação (CNBB, 2006, p.13).

Podemos perceber que o ideal coletivo dos anos 80 de construir um mundo melhor foi sendo substituído por uma maior preocupação com as necessidades pessoais, os sentimentos, o próprio corpo, a melhora da auto-estima, da confiança e a libertação dos traumas (REIS, 2006).
Os fatos sociais estão fazendo com que os jovens preocupem-se em viver somente o mundo presente. Desta maneira o jovem tem como meta somente concentrar-se no momento atual, em busca de emoções e sensações passageiras (NERY, 1985).
Com o subjetivismo, a solidariedade e o altruísmo perderam espaço no comportamento da maioria dos jovens.



1.2 AS TRASNFORMAÇÕES CULTURAIS


A centralidade da razão, a liberdade, a igualdade e a fraternidade foram acentuadas no comportamento de homens e de mulheres na modernidade. Nas últimas décadas, ao lado da cultura moderna, vem-se fortalecendo a cultura pós-moderna, que não é uma nova cultura que se contrapõe de modo frontal à modernidade. A pós-modernidade é caracterizada pelas mudanças no cenário social, tais como velocidade e volume de informação, a rapidez com que a tecnologia mudou o cotidiano, novos códigos e comportamentos. Essas mudanças vêm penetrando fortemente no meio juvenil devido à globalização e ao poder de comunicação dos meios eletrônicos (LIBÂNIO, 2004).

A pós-modernidade não substitui a modernidade. As duas culturas vivem juntas. Os valores da modernidade continuam sendo importantes para os jovens; a democracia, o diálogo, a busca pela felicidade humana, a transparência, os direitos individuais, a liberdade, a justiça, a sexualidade e a igualdade. Uma Igreja que não acolhe esses valores encontra grandes dificuldades para evangelizar os jovens (CNBB, 2006, p.12).

Um dado que se afirma cada vez mais na cultura moderna é o avanço da tecnologia, característica que tende a reforçar-se ainda mais na pós-modernidade. Este novo século é ainda mais marcado pela tecnologia, sobretudo em dois campos: a comunicação informatizada e a engenharia genética. E os jovens são os primeiros a assimilar esse novo mundo tecnológico e fazer dele sua vida, seu pensar, seu agir, seu amar. Nada de sua vida escapa dessa nova mentalidade de que, no futuro, fabricaremos a vida e a comunicação que e como quisermos.

Já estão a surgir uma infância e uma adolescência que passam a maior parte do dia na solidão física do computador numa rede-net-de informações, de inter-reação-internt. Solitários físicos habitando simultaneamente infinitos mundos de pessoas, de coisas, de noticias, de imagens, de sonhos (LIBÂNIO, 2001, p.17).

A tecnologia alimenta a ideologia do prazer. Tudo se faz em vista de proporcionar mais prazer. Recorre-se a todos meios disponíveis para que se tenha prazeres e evite todo desprazer. A medicina da pós-modernidade coloca à disposição os analgésicos para que já não haja dor. A psiquiatria desenvolve drogas para que não haja angústia, depressão e tristeza.
Cria-se então a mentalidade de que em tudo se deve buscar e encontrar o prazer. E uma geração formada na cultura do prazer sem limites, está mostrando a perda do prazer de viver. (REIS, 2006).



1.2.1 O Jovem e as Drogas


A realidade tem mostrado que a curiosidade e a busca de novas aventuras, atraem os jovens para experiências com as drogas. Por isso, a adolescência é a fase propícia para a iniciação na droga. O fato de fazer propaganda contra as drogas já está aumentando-lhe a força de atração, pois incita nos jovens a curiosidade. Também é notável a importância do grupo no desenvolvimento do jovem. Em muitos casos os jovens se introduzem na droga pelas mãos de um grupo de amigos. Pois, quando o jovem encontra dificuldades no ambiente familiar ele é amparado por tais grupos.( LIBÂNIO, 2004).
As estatísticas revelam que 26% dos jovens no Brasil, entre 14 a 29 anos de idade, já utilizaram droga uma vez na vida. E, segundo o Ministério da Saúde, as drogas mais usadas são a cerveja, a cola de sapateiro, a acetona e o éter. Alguns experimentam e usam esporadicamente a droga. Esses usam a droga em momentos de festa, de convívio entre amigos sem constituir-se um grupo permanente de usuários. Não associam a droga à depressão, à carência afetiva permanente.
Existem os jovens que usam freqüentemente a droga. Fazem uso sistemático, descontrolado de uma ou várias substâncias químicas psicoativas, com repercussões negativas em áreas de sua vida. Rompe todos os vínculos sociais e recorre a quaisquer meios para obter sua droga (LIBÂNIO, 2004).
A porta de entrada da droga é o prazer. O prazer responde ao desejo de felicidade. E esse nasce no mundo sensível, no corpo que é levado ao gozo pelas percepções, pela vivência de realidades presentes ou fantasiosas, atuais ou recordadas.

A droga põe em movimento o desejo, sempre ávido de satisfação, mas nunca totalmente saciado, deixando o sujeito a caminho em busca de nova sensação. Entra na espiral do desejo saciável-satisfação incompleta-desejo insaciável (LIBÂNIO, 2004, p.161).

Para obter a droga, os jovens vendem tudo o que acham em casa, assaltam e roubam. Não há limites, pois não podem viver sem as drogas. Sem ela, a vida parece um desespero. No início não está a tragédia, mas o gozo. No fim desaparece o gozo, fica a tragédia (REIS, 2006).
No início imagina que seu uso cai totalmente sob o domínio da liberdade e da vontade. O jovem a usa quando precisa e nada mais. É uma grande ilusão, pois chega um momento que esse quadro de reverte. Já não é a pessoa que decide sobre o uso da droga, mas a droga que decide sobre a vontade da pessoa. Usa-se a droga para preencher um vazio e cada vez se usa mais.
O jovem começa a drogar-se para evitar a tristeza, curar suas mágoas. Muitos jovens carregam sofrimento interior, ora próprio da sua idade, ora de fatores familiares, de trabalho, de escola, de um passado machucado.

Uma pesquisa do IBOPE realizada com jovens usuários de drogas revela que 35% dos jovens têm como o abandono familiar como motivo de uso das drogas. Às vezes, habita-lhes o simples gosto de relaxar, de ficar numa boa e de sentir-se bem (LIBÂNIO, 2004, p.162).

Na droga, o jovem busca um prazer imediato, sem a mediação das palavras ou de qualquer relacionamento com o outro. Ele se livra do próprio corpo, dos compromissos com a sexualidade, das dificuldades inerentes ao relacionamento humano.



1.2.2 O Jovem e o Tédio; a Depressão e a Fragmentação da Vida


Uma vida de prazer sem quase responsabilidade parece, à primeira vista, realizar o sonho de um jovem. Um pesquisa de Brasília, realizada em 2006, aponta que 97,8% dos jovens têm como meta de vida arranjar um bom emprego, ganhar um salário bom e viver a vida sem preocupações; 77% nunca trabalharam; 84% gastam maior parte do tempo livre conversando com amigos, ouvindo música e vendo TV; 37% praticam esporte regularmente; e 41% consomem álcool regularmente.
Verifica-se que há uma degradação existencial que lhes reduz a capacidade de maravilhar-se, de entusiasmar-se, de distinguir o que é importante, de gozar intensamente, de realizar experiências que revelam sentido novo. Muitos jovens sofrem da incapacidade de provar sentimentos fundamentais de autenticidade existencial. Banalizam a vida (LIBÂNIO, 2004).
Provam a todo instante um sentimento de impotência, de incapacidade de prover, de valorizar, de projetar o futuro, de modificar o ambiente e o mundo social pelo empenho. Possuem percepção precária do tempo histórico, coletivo. Polarizam-se no presente. O passado não lhes ressoa. O futuro é incerto, de expectativas reduzidas. Sobra-lhe o presente, mas pobre de significado, vazio e sem sentido. O jovem pós-moderno mora na sua melancolia. Não consegue sair de sua tristeza.

Melancolia, desejo, impossibilidade, acomodação. Esta seqüência marca a vida de muitos pós-modernos. Envolvem-se com a droga, freqüentam companheiros fúteis, sofrem um vazio existencial profundo. Invade-lhes a náusea da vida. Fossa mais fossa. Olhos fundos. Rosto triste, sem expressão (LIBÂNIO, 2004, p.113).

Muitos jovens querem sair dessa situação. Paira-lhes no horizonte um desejo de alegria. É a enorme fragilidade psíquica do jovem pós-moderno. Não tem estrutura suficiente para uma decisão corajosa, forte, energética, que o arranque da situação de melancolia.
Atualmente o crescimento tecnológico, a industrialização e o progresso definem os padrões de vigência da vida das pessoas. O homem é solicitado constantemente a se adequar às mudanças que acontecem aceleradamente. No mercado de trabalho, os requisitos básicos direcionados pelos modelos de modernidade são boa formação escolar, experiência profissional, qualificação específica, etc. No Brasil o acesso à educação, aos bens de consumo e aos recursos tecnológicos são restritos a uma faixa bem pequena da população. Aqueles que não conseguem responder a estas exigências são menosprezados. Para famílias que se encontram nessa situação, o desemprego é identificado como fator de estresse que provoca mudanças em toda a sua estrutura (LIBÂNIO, 2004).
Em relação aos jovens, este quadro atinge gravidade maior, pois manifesta-se exatamente no momento em que são solicitados a ocupar seu espaço social. Portanto, além dos conflitos próprios da sua etapa evolutiva, são cobrados no sentido de enfrentar as demandas da sociedade moderna, competindo no mercado de trabalho.
Com pouca formação e sem experiência de trabalho, sofrem discriminações constantes. Abalados em sua auto-estima, desanimados, cansados, ficam vulneráveis aos fatores geradores da depressão. As famílias brasileiras de qualquer classe, que convivem com a presença do desemprego, sofrem grandes mudanças, que interferem em sua estrutura: queda de status, dificuldades financeiras, conflitos entre seus membros e etc.

Aos poucos a depressão causada pela baixa auto-estima vai corroendo as forças do jovem, causando-lhe uma cegueira que o impede de enxergar a realidade como possível de ser enfrentada. Em decorrência dessa situação, muitas famílias e jovens não conseguem lidar com essa crise e recorrem aos consultórios médicos e psicológicos (REIS, 2000, p.274).

O jovem acaba ocupando espaço de destaque em muitas famílias, já que aparentemente é o que possui chances de correr atrás de um futuro menos sombrio. Pressionado por todos os lados, torna-se pivô do jogo e carrega consigo a esperança de uma torcida ansiosa. Porém, como são humanos, acabam caindo na mesma situação que seus incentivadores. Desmoralizados, com baixa auto-estima e amedrontados, ficam vulneráveis a outra vilã do nosso século: a depressão (LIBÂNIO, 2004).
Nestes locais, encontramos cada vez mais, casos de jovens com estresse e depressão em função da conseqüência da sociedade pós-moderna que é caracterizada pelo desenvolvimento tecnológico e econômico.



1.3 O JOVEM E A FAMÍLIA


No relacionamento com a família o jovem pode obter influência benéfica ou maléfica. Oscila entre os extremos de um desastre total e um paraíso terrestre. Misturam-se na família, doses diferenciadas de elementos construtores da personalidade do jovem e fatores patogênicos, ou seja, fatores capazes de produzir doenças físicas e na personalidade. Mas, não na mesma medida. É essa medida que diferencia as famílias e permitem juízos mais positivos ou negativos, conforme o caso (LIBÂNIO, 2001)
Na família o jovem aprende a primeira lição do respeito mútuo, condição fundamental para convivência social. A família ensina virtudes ao jovem tais como a cortesia, ou seja, as boas maneiras, primeira das virtudes porque a criança aprende desde pequena, por meio de proibições, a comportar-se, a ser bem educada, a distinguir o feio e o mal.
Na família cada um aprende a permanecer no seu lugar. E, quando os papéis se embaralham, seguem-se deformações na educação. Os pais são pais e não colegas, nem amigos de grupo dos filhos. Alguns tolamente julgam que se aproximam dos filhos fazendo-se um adolescente como ele. Dessa maneira, pai e mãe perdem autoridade. A insegurança também se revela no oposto do autoritarismo e da arbitrariedade (LIBÂNIO, 2001).
Na formação dos filhos os pais agem construtiva e responsavelmente. Os binômios ternura e vigor, amor e verdade, tapas e beijos, razão e afetividade, estímulo e freio, elogio e repreensão, abrir horizontes e estabelecer limites, tolerância e firmeza, escuta e fala, presença e reserva, liberdade e disciplina, traduzem bem uma atitude educativa sadia. Se falhar um dos termos do binômio temos anomia ou repressão, autoritarismo ou conivência, arbitrariedade ou fraqueza e isso é prejudicial à formação.

O pai não pode ocupar o lugar do filho. È a tentação maior. E a cultura pós-moderna gosta de propor modelos de paizões “grandes adolescentes”, que julgam fazer o máximo, quando se comportam como colegas dos filhos. E, no fundo, não passam de ingênuos e ignorantes, sem a dignidade e o respeito que merecem (LIBÂNIO, 2004, p. 169).

A criança necessita ir lentamente desmistificando os pais, antes situados no trono divino. Mas isso se faz lentamente pela experiência de morte, dos limites dos pais e de sua condição de simples mortais. Terrível, porém, quando se produz bruscamente uma quebra por conduta vergonhosa dos pais.
O filho não pode ocupar o lugar do pai. Mas a maneira comum de fazê-lo é julgar-se já sabido e amadurecido suficientemente a ponto de não necessitar dos pais. Ser filho é ouvir os pais, dialogar com eles, escutar-lhes as razões a contrapor as próprias num jogo de aproximação da verdade e da realidade. Na relação com os filhos, a educação requer ambiente de segurança afetiva, de satisfação das suas necessidades básicas, físicas e psicológicas. Os jovens precisam assimilar os valores fundamentais, a prática de cidadania, a conduta de honestidade por meio da vivência coerente dos pais e adultos que os cercam. As regras morais de conduta para os filhos equilibram-se entre a imposição arbitrária por parte do adulto e a subjetividade ilimitada do jovem. Elas não existem prontas, mas são elaboradas no confronto de razões entre adultos e jovens (LIBÂNIO, 2001).
Não se forma uma relação formativa quando os pais envenenam os ditos ou conselhos aos filhos com frases que mostram que o interesse é outro e não eles, como por exemplo: “deixe de me aborrecer, meu filho”, “seu pai já não agüenta mais”. Assim, morre o diálogo.
A melhor força é a persuasão. Ela passa pela convicção de que está em jogo única e realmente o bem do jovem. Processo lento e difícil. Pede paciência, capacidade de conversa, saber ouvir e dar razões. Essa certeza tem força. Sem ela, só outra força, a da imposição, na base do grito não do afeto, com efeitos desastrosos.
Em família, filhos e pais aprendem a sentar-se à mesa, a discutir, sem que uns se imponham sobre os outros. Invocam-se unicamente argumentos da razão e da verdade do discurso. Esta é excelente forma de educar o jovem para assumir a autonomia. Ele não permanece preso eternamente à dependência infantil. Autonomia não é anomia, ou seja, desrespeito a toda regra, a toda autoridade, a toda realidade objetiva, exterior a própria subjetividade. Não é andar sem lei. Mas tomar decisões pessoalmente, levando em consideração a objetividade dos fatos e dos fatores importantes.

A família educa a criança a ir criando lentamente essa autonomia, interiorizando os valores, buscando um justo equilíbrio entre liberdade e a razão, entre a afetividade e a obrigação. Esse confronto surge cada dia na vida do jovem. O aprendizado da educação leva a criança a saber renunciar a um prazer imediato por uma razão do horizonte mais amplo. Esse exercício de discernimento pertence ao cotidiano da vida e uma relação normal e sadia entre pais e filhos permite aos filhos saber exercitá-lo com juízo (LIBÂNIO, 2004, p.172).

Mas podemos nos perguntar o que seria educar? Iríamos chegar a conclusão de que nada mais é do que ir adquirindo a capacidade de discernimento, de autocontrole diante de situações da vida. A autonomia do jovem significa esse crescente estatuto independente, achando em si e não nos outros as razões do próprio agir, da auto-estima e da segurança interior. Não se depende do superego interiorizado dos pais. Não se substitui a subordinação aos pais pela subordinação ao grupo, ao chefe, a ideologia. Os filhos constroem a autonomia, ao conhecer e seguir os valores e regras, não por imposição, mas como necessidade pessoal e social (LIBÂNIO, 2001).
É importante ressaltar que a ausência e o abandono dos pais em relação aos filhos são desastrosos e tentar compensar tal ausência com bens matérias não irá diminuir as conseqüências psicológicas na formação do filho.
Mas, o extremo de superproteção faz igual ou pior devastação afetiva nos filhos. Entram despreparados para a vida em sociedade. Carregam complexos de inferioridade por terem sido defendidos ao máximo.
Os problemas conjugais dos pais afetam profundamente os filhos. Quanto mais violentos e mal conduzidos forem, mais seqüelas surgirão para todos na casa. Deles nascem muitos traumas infantis. A presença constante de mães frágeis e inseguras no nível emotivo, sem capacidade de compreenderem a si mesmas, alimentam a mesma insegurança nos filhos. E há pais que impedem os filhos de se tornarem autônomos e adultos.
Como podemos perceber, o ambiente familiar exerce grande influência na formação do jovem.








1.4 O JOVEM E A ESCOLA


Não podemos negar a força coativa da escola, pois ela exerce controle social sobre obrigação de freqüência. Liga êxito com a presença física. Existe a figura da reprovação por ausência, mesmo que o aluno demonstrasse ter aprendido e até melhor que seus colegas assíduos às aulas. Tal lógica não visa unicamente a garantia do aprendizado, já que este poderia ser assegurado de outra maneira. Analistas sociais suspeitam de uma vontade social de manter os jovens alheios a vida adulta e sob guarda vigilante de adultos. Permanecem separados do mundo de produção. Não concorrem a um lugar de trabalho disputado por tantos adultos (LIBÂNIO, 2004).
Os educandários tradicionais abrem pouco espaço para a participação. A disciplina e a organização funcionam segundo regras ditadas pelos adultos. Os jovens percebem-se presos num sistema de decisões sobre sua vida estudantil para as quais nunca foram consultados e cuja mudança dificilmente passa por suas reivindicações.
Desta maneira essas instituições não favorecem o processo de maturidade dos jovens, mantendo-os infantis, retirando-lhes a responsabilidade. Os jovens são obrigados a serem submissos e a terem um respeito à hierarquia sem a contrapartida do reconhecimento de sua autonomia, de sua liberdade e de sua capacidade de decisão. São obrigados a suportar pela sua força impositiva uma série de coisas desagradáveis, que não o fariam sem essa pressão social.

Sem chegar a constituir-se um modelo totalitário, a escola afeta todos os rincões da vida dos jovens de maneira vertical. Impede-lhes a realização de muitas necessidades e desejos, ceceando-lhes a iniciativa pessoal, a capacidade e a alegria de assumir responsabilidades. Não crescem nem se fazem responsáveis do próprio crescimento. Realizam-no, por assim dizer, conduzidos por outro. O autoritarismo da escola tem efeitos maléficos sobre a coesão do grupo. Gera hostilidade entre os alunos, dificulta a criação de um espírito de solidariedade e cooperação entre eles. Freqüentemente os professores se alienam dos valores e dos comportamentos dos jovens, interpretando-os erradamente (LIBÂNIO, 2004, p.178)

A pedagogia tem trabalho para inverter o sinal dos estabelecimentos de ensino, acreditando que o baixo rendimento lhes vem precisamente por sua natureza pesada de obrigação, de autoritarismo, de imposição. Assim, como eles reproduzem as leis de dominação da grande cidade, assim também em nível menor prefiguram um novo modo de ser sociedade, trazendo para a vida dos jovens os males que afetam a sociedade adulta.
A pós-modernidade vem desgastando a consciência cívica, política e histórica da geração atual. Entregue-se a si mesma, não conseguirá elevar-se do horizonte rasteiro do cotidiano, do presente, do imediato. A escola assume a tarefa difícil de formar jovens para a cidadania, oferecer-lhes critérios universalmente válidos. Ajudá-los a recuperar a história e a memória da juventude, não só na sua amplitude universal, mas, de modo especial, das gerações que os antecederam (CNBB, 2006).
A pós-modernidade, além da fragmentação e da perda dos valores, trouxe consigo a carência de entusiasmo pelas grandes causas. Está em questão como despertar os jovens para esses ideais maiores que se manifestam especialmente na defesa dos direitos humanos, na luta a favor da paz, na criação da mentalidade ecológica, na rejeição de toda discriminação, especialmente racial, no movimento feminista numa perspectiva de gênero e etc. A pedagogia pós-moderna encanta-se da categoria de sedução, de convencimento pela atração afetiva e estética. É por aí que se sensibiliza a juventude (CNBB, 2006).
Hoje assistimos a uma decadência escandalosa do ensino público e ao aprimoramento de certos colégios e escolas particulares para as elites. A conseqüência injusta concretiza-se no nível universitário. Mesmo que não seja tão acentuada como se diz, há uma inversão injusta na ocupação dos cursos superiores. As universidades do Estado, gratuitas, em muitos aspectos superiores à maioria da imensa rede de universidades e faculdades particulares, bem caras, são proporcionalmente mais freqüentadas por quem pode pagar, enquanto os mais pobres vão para os estabelecimentos pagos.
O jovem pobre custeia seu caro estudo superior. O jovem rico o fez de graça em conseqüência do seu ensino médio: boas escolas particulares.
Assim, estamos diante de um fator decisivo na vida de um jovem: a escola. Esta instituição que pode tanto favorecer como coagir a estrutura da personalidade juvenil. Que pode lhe trazer conseqüências benéficas como maléficas dependendo de como a escola participa dentro da realidade da vida do jovem.

1.5 O JOVEM E A VIVÊNCIA DA RELIGIÃO


O perfil religioso do jovem brasileiro é semelhante ao da população. Segundo o censo de 2000, os católicos no país eram 73,8%. Entre os jovens de 15 a 24 anos, eram 73,6%. Enquanto no conjunto da população a presença evangélica representava 15,5%, entre os jovens, a adesão às igrejas evangélicas era um grupo menor: 14,2%. A maior diferença encontra-se no grupo que se identificava como “sem religião”: na população, 7,4% e entre os jovens 9,3% (CNBB, 2006).
Esse dado não pode ser interpretado como um avanço do ateísmo entre a juventude brasileira. A maior parte desses jovens vive uma experiência religiosa. Alguns estudos têm mostrado que a grande maioria dos jovens sem religião acredita em Deus ou tem outras crenças e, portanto, são inspirados por uma mística, muito embora não estejam vinculados a uma instituição religiosa particular.
O jovem religioso faz uma busca incansável por algo que preencha o vazio que a pós-modernidade embutiu dentro de sua personalidade. Por isso, a abertura ao religioso vem se constatando tanto na população adulta como na população juvenil. Os jovens querem na vivência da religião achar respostas para sua existência (OLIVEIRA, 1985).

Fenômenos que marcam a dinâmica do campo religioso na atualidade são intensificados quando se trata da população jovem, como busca continua por uma expressão de fé que dê sentido, á sua vida; a atração por manifestações religiosas exóticas; e a elaboração de sínteses pessoas a partir do repertorio de crenças e práticas disponíveis em vários sistemas religiosos (CNBB, 2006, p. 20).

Todo esse processo se dá em uma fase do ciclo de vida em que as pessoas costumam se questionar acerca de vários aspectos de suas vidas: caminhos profissionais, continuidade dos estudos, relacionamentos afetivos. Muitos jovens colocam em xeque a herança religiosa recebida na família, o que tem levado a diferentes percursos: a opção consciente de tradição religiosa na qual foram educados; o rompimento com essa herança; que pode se traduzir na conversão a outro sistema religioso ou a desvinculação religiosa.
Podemos verificar que muitos jovens ligados às instituições religiosas dispõem generosamente de seu tempo livre para desenvolver as atividades de seu grupo. Também porque nessas ocasiões costumam estar em contato com outros jovens e se alegram nesta convivência. Tal disponibilidade fica reduzida quando os jovens iniciam os estudos universitários ou a vida profissional ou, ainda, quando associam trabalho e estudo (LIBÂNIO, 2006).
Tem crescido muito o número de bandas e artistas religiosos por conta da sensibilidade dos jovens às manifestações artísticas e culturais da sociedade contemporânea. Os jovens de diferentes identidades religiosas aderem com entusiasmo a eventos semelhantes no âmbito religioso.



1.6 O JOVEM E A CRISE RELIGIOSA


Os jovens podem entrar em crise em relação a sua religião, por muitas razões. Muitos jovens vivem num ambiente religioso familiar dotado de uma fé mais cultural e tradicional, que pessoal. Os jovens que se dedicam aos estudos esbarram em críticas de filósofos, cientistas, professores, que abalam a sua fé. E, com freqüência, isso acontece no mundo acadêmico (LIBÂNIO, 2004).
A posição científica insustentável, ou seja, o ensino tradicional não se atualizou a respeito de uma leitura mais inteligente da Escritura na perspectiva de não ler somente o que está escrito ali, de uma maneira fundamentalista, mas ler levando em consideração o contexto de que cada livro da Sagrada Escritura foi escrito. E os jovens não sustentam nenhuma discussão inteligente com os professores, colegas e livros que questionam essa versão fundamentalista da Escritura. Outro ponto é que existe a defasagem dos ensinamentos morais e religiosos em relação às novas situações afetivas e sexuais que muitos jovens enfrentam no mundo acadêmico. Isso os leva a procurar respostas para muitas perguntas, que nem sempre são encontradas. Encaram as vivências anteriores como carentes de liberdade, de consciência explícita, fruto de uma tradição não refletida nem articulada com a vida moderna. Assim, numa confusão afetiva, muitos jovens iniciam um processo de afastamento das práticas religiosas, pois estão inseguros. Acham as práticas aborrecidas, pesadas e sem graça. E, com o tempo, se aliam a outros colegas que sentem a mesma coisa. A religião afasta e assusta os jovens quando para eles parece muito rígida com os preceitos morais (CNBB, 2006).
Os jovens buscam desesperadamente a felicidade. É isso que quer encontrar na religião. A promessa da ressurreição e da vida eterna até atrai. Mas, a vida eterna está tão longe no tempo e no espaço. A tal felicidade que ela proporciona não aprece tão real. Os jovens depois de atos religiosos continuam saindo aborrecidos e entediados. Os sentimentos do jovem em crise variam do ceticismo à repulsa, da indiferença ao aborrecimento, do cansaço a inutilidade diante da religião. E esse tipo de crise atinge principalmente os jovens que vieram de famílias religiosas, que freqüentam as paróquias e os movimentos de jovens. Podemos apontar algumas causas do abandono da religião por parte dos jovens: decepção com a religião, considerar a religião sem importância, repressão ou falta de liberdade, influencia de familiares ou amigos e o descrédito geral das instituições de qualquer natureza perante a nova geração (LIBÂNIO, 2001).



1.7 A EXPERIÊNCIA DA IGREJA COM A JUVENTUDE


Perante o desafio de evangelizar a juventude contemporânea, a Igreja não está começando do zero. Há um caminho histórico percorrido por ela que revela uma herança muito rica. Há uma corrente por meio da qual uma geração de jovens agentes evangelizadores adultos passa a experiência acumulada pela outra. A Igreja Católica é uma das organizações que tem mais experiência acumulada e sistematizada no trabalho da juventude. É importante resgatar essa experiência. Em cada época, à medida que mudavam os desafios, os enfoques, os valores e o ambiente cultural da sociedade, a mentalidade dos jovens também mudava. Os jovens são mais sensíveis às mudanças e propensos a aceitar o novo. Tudo o que acontece na sociedade tem seus reflexos na ação evangelizadora da juventude. Os jovens que são atingidos pela ação evangelizadora estão inseridos simultaneamente na sociedade e na Igreja.

Em cada época há necessidade de adequar as concepções e as praticas de evangelização para se relacionar com os jovens. Se a Igreja apresentou uma proposta que se tornou predominante, não quer significa que todos os jovens tenham aderido a ela. Aprendemos com as conquistas e com os erros do passado...Na Igreja do Brasil, muitas forças pastorais atuam aos jovens e com eles (CNBB, 2006, p.22).


Com o surgimento da Ação Católica Especializada (JUC, JEC, JOC, JAC, JIC) no Brasil, nos anos 50, começa-se a esboçar um outro caminho importante de evangelização dos jovens. O fundador destes movimentos, o Card. Cardijn, elaborou o famoso método “Ver-Julgar-Agir”. Este método revolucionou a pedagogia até então vigente dentro da Igreja, substituindo a metodologia tradicional dedutiva que partia de princípios genéricos, por um método que parte da realidade. O mais destacado exemplo do método tradicional foi o catecismo de perguntas e respostas (CNBB, 2006).
O método “Ver-Julgar-Agir” parte de experiências através de uma pedagogia de pequenos fatos na vida dos jovens, para depois confrontá-los com os dados da revelação cristã e em seguida conduzí-los a ação. Estes movimentos colocam, também, a necessidades de sair das instituições para ir ao encontro do jovem, onde ele está. O jovem torna-se apóstolo de outros jovens, dentro dos seus próprios meios específicos, ou seja, escola, universidade, trabalho e bairro popular.
Com a interrupção brusca da Ação Católica no Brasil após o golpe de 1964, surgem os Movimentos de Encontro (TLC, Emaús, etc.) com inspiração no Cursilho de Cristandade. Estes movimentos, em pouco tempo, se tornaram quase o único meio para atingir a juventude fora das instituições e mesmo dentro delas (LIBÂNIO, 2001).
É reconhecido o lado negativo destes movimentos, como, por exemplo, a exploração da dimensão emocional do jovem e de sua alienação política. Mas é preciso reconhecer seu saldo positivo. Estes movimentos se desenvolveram como meios menos institucionalizados para atingir os jovens. Os próprios jovens convidavam os novos encontristas, e responsabilidades importantes foram entregues aos jovens “dirigentes”. As participações nas reuniões de preparação criava um espírito de comunidade entre os membros da equipe dirigente. Os próprios encontristas participavam nos grupos de discussão, nos plenários e nos momentos de oração espontânea, falando das suas idéias e experiências de fé. Despertou-se no jovem uma nova imagem de Igreja-Comunidade. Isso provocou o surgimento de um grande número de grupos de jovens nas paróquias e um despertar vocacional significativo.
A partir de 1974 os Movimentos de Encontro começam a entrar em crise e surge uma Pastoral Orgânica de Juventude que se articula a partir dos grupos nas paróquias. A Pastoral de Juventude vem substituindo os Movimentos de Encontro como o meio privilegiado da Igreja atingir os jovens. A Pastoral de Juventude emerge como a proposta nova que foge do esquema das tradicionais instituições, mas também de uma reinstitucionalização, flexível e adaptável, que supera o esquema “milagroso” mas superficial dos Movimentos de Encontro (LIBÂNIO, 2001).
Com coordenações em todos os níveis - paroquial, setorial, diocesano, regional e nacional - a PJ se fortalece em todo lugar, mas procurando evitar cair no problema institucional, que bloqueia o jovem, abafa-lhe a criatividade e a experiência da liberdade.
A Igreja sempre procurou com a evangelização da juventude, seja indiretamente responsabilizando e procurando preparar pais para essa tarefa, seja diretamente, através da um trabalho pastoral específico com os jovens. Apesar de sua preocupação fundamental ser com os adultos, ela sempre esteve presente com as crianças e os jovens, tanto por iniciativas paroquiais, como pelas instituições escolares de Congregações religiosas e pelos movimentos juvenis.























CAPÍTULO II



A EDUCAÇÃO DA FÉ E A JUVENTUDE



2.1. EDUCAR A FÉ DO JOVEM


2.2 O PROCESSO CATEQUÉTICO


A catequese é “processo de educação da fé”, ou seja, um trabalho que tem um começo e está se encaminhando. E, este processo não deve parar nunca, pois essa educação da fé não se esgota. Sua área a ser ressaltada deve estar sempre em contato com a realidade do catequizando.

Catequese é um processo que engloba o contato com a comunidade, a participação nas celebrações e nas atividades da paróquia, a conversa sobre a vida de cada um, do bairro e do país, o confronto da Bíblia com ávida, a criação de um clima que favoreça a oração, o acolhimento mútuo entre catequistas e catequizandos, a leitura crítica da realidade e do momento histórico que estamos vivendo, a criação de laços com as pessoas que desempenham diferentes funções na comunidade, a educação para a efetiva prestação de serviço aos necessitados, a busca de um espírito ecumênico que favoreça o relacionamento dos católicos com outros cristãos, a reflexão que leve á superação de preconceitos. ( CRUZ, 2006, p. 16)

Assim, catequese não é aula, não é escola. Não é um método de memorização, de ficar preso a um livro. Mas, catequese é um processo da fé, isto é, fazer da pessoa gente, capaz de se conduzir na vida, de caminhar por seus próprios pés, capaz de escolher o bem maior que é o amor a Deus e ao próximo, tornando o catequizando um missionário. Catequista não é professor ou professora, não faz parte da instituição “escola”, pelo contrário, ele faz parte da instituição “Igreja”, e assim ele é o grande motivador e incentivador da educação da fé. É o grande responsável em transmitir ao catequizando o conteúdo da fé.

É fato extraordinário Deus querer comunicar-se com os seres humanos. De muitas maneiras Ele, no passado, falou a nossos pais na fé. De um modo perfeito e definitivo revelou-se plenamente em Jesus Cristo. A revelação nos encaminha a uma catequese que responda a anseios humanos e promova uma vida mais gratificante para todos, como estava desde sempre no projeto de Deus. Pela Evangelização, Catequese e Liturgia essa Palavra de Deus continua a chegar ás pessoas (DNC 16-18).

A Missão Evangelizadora da Igreja se realiza em três etapas essenciais que vão nortear toda a sua realização. Temos em primeiro, a Ação Missionária, que faz o primeiro anúncio de Jesus Cristo (quérigma) a povos ou pessoas que não o conhecem, ou que, tendo já conhecido, hoje vivem afastados do evangelho; é a atividade que leva as pessoas a uma primeira adesão e conversão a Jesus Cristo. Em segundo, temos a Ação Catequética que educa e aprofunda a fé dos que já aderiram Jesus Cristo e querem ingressar na comunidade, através de uma iniciação completa, ou necessitam estruturar melhor sua conversão; é o momento do aprofundamento e ampliação da experiência da fé, seus elementos e suas exigências. E por terceiro, temos a Ação Pastoral, para as pessoas que, tendo sido iniciadas na fé pela catequese, já são cristãos adultos, mas necessitam continuar alimentando a própria fé, crescendo sempre mais e transformando a fé em obras, em serviço aos irmãos e á comunidade. “Pastoral é tudo aquilo que a Igreja realiza e que é distinto de evangelização e catequese” (DGC n.23).

Sendo o anúncio de Jesus Cristo o primeiro momento da evangelização (querigma), a catequese é o segundo, dando-lhe continuidade. Sua finalidade é aprofundar e amadurecer a fé, educando o convertido para que se incorpore à comunidade cristã. A catequese sempre supõe a evangelização. Por sua vez à catequese segue-se o terceiro momento: a ação pastoral para os fiéis já iniciados à fé, no seio da comunidade cristã através da formação continuada. Toda ação da Igreja leva ao seguimento mais intenso de Jesus (CR 64) e o compromisso com seu projeto missionário. O fruto evangelização e catequese é fazer discípulos: acolher a Palavra, aceitar Deus na própria vida, como dom da fé. A fé é como uma caminhada, conduzida pelo Espírito Santo, a partir de uma opção de vida e uma adesão pessoal a Deus, através de Jesus Cristo, e ao seu projeto para o mundo. O seguimento de Jesus Cristo realiza-se na comunidade fraterna (DNC, n. 33-34).

Podemos afirmar que a Iniciação cristã é missão específica da Catequese. O Diretório Geral para a Catequese, afirma que aqueles que, movidos pela graça, decidem seguir Jesus são “introduzidos na vida religiosa, Litúrgica e caritativa do Povo de Deus” (DGC n.14). E também afirma que a Igreja realiza esta função, fundamentalmente por meio da catequese, em estreita relação com os sacramentos da Iniciação (DGC n. 51).
Diante dessas afirmações, podemos concluir que a iniciação é para toda a vida cristã, à liturgia e à caridade, ou seja, não se restringe somente a noção básica de sacramentos. É um aprofundamento da ampla realidade que a pessoa faz parte. E esse processo continua na caminhada do iniciado na comunidade, ao longo de sua existência, através do processo de formação permanente através da liturgia e da vida da Igreja que a faz dinâmica e essencial na caminhada.

A Catequese, então, para bem cumprir sua tarefa precisa sempre preservar, cuidar e promover criativamente seu caráter prioritário, fundamental, estruturador e especifico, enquanto iniciação cristã e transmissão de conteúdo de fé.(DGC. N. 64).

A Catequese tem como finalidade levar os fiéis a fazerem uma experiência de comunhão, de amor e de partilha.

O seguimento de Jesus Cristo realiza-se, porém, na comunidade fraterna. O discipulado, que é o aprofundamento do seguimento, implica renuncia a tudo o que se opõe ao projeto de Deus e que diminui a pessoa. Leva a proximidade e intimidade com Jesus Cristo e ao compromisso com a comunidade e com a missão (DNC, n. 34).

Portanto, Catequese é um processo de educação da fé, que abrange toda a realidade do catequizando e o prepara não somente para os sacramentos, mas para toda a sua vida cristã. Fazendo do catequizando um eterno apaixonado por Jesus Cristo e pela causa do Reino de Deus. Esse é o propósito da catequese com Jovens.



2.3 O DESENVOLVIMENTO DA FÉ NO JOVEM


Para educar o jovem na fé é preciso conhecer como se dá o amadurecimento da experiência religiosa no ser humano. Vamos fazer uma breve descrição de como a experiência religiosa vai sendo construída na pessoa desde sua infância até a adolescência.
A família influencia diretamente a maneira da criança representar Deus. Na infância a idéia de Deus não é pessoal, mas é baseada na ligação afetiva com a mãe e com o pai e é fruto da sua identificação com a atitude religiosa deles. O sentimento religioso é compreendido e assimilado pela criança na medida em que os pais (e depois a catequista) explicam o significado dos atos religiosos em que participam (TREVIZAN, 2006).
Quando a criança atinge os cinco anos, surge a distinção entre os seus pais e Deus, que se vai definindo como o Pai do Céu e com uma imagem mais universal. Isso pode se dar quando a criança “descobre” que Deus compensa o que os pais não lhe dão. A Criança imita as virtudes religiosas das pessoas queridas. Imagina e desenha Deus em termos humanos. É uma mentalidade mágica, pensa que se aprender fórmulas, gestos e comportamentos referentes a Deus e os realizar com perfeição, Ele retribuirá infalivelmente.

A infância se caracteriza pela descoberta do mundo, com uma visão ainda original, embora depende da assistência dos adultos. Dela brotam possibilidades para a edificação da Igreja e humanização da sociedade. A criança tem o direito ao pleno respeito e á ajuda para seu crescimento humano e espiritual. Ela necessita de uma catequese familiar, de uma iniciação na vida comunitária e para realizar os primeiros gestos de solidariedade. Esta catequese não poderá ser fragmentada ou desencarnada da realidade, mas favorecerá a experiência com Cristo na realidade em que a criança vive. ( DNC n. 197).

Aos sete anos a sua oração e a participação nos sacramentos são feitas como ritual mágico (Pensa que se a oração não é eficaz é pela sua má conduta ou como castigo. Só a partir dos onze anos começa a mudar este tipo de pensamento, mas aos quatorze ainda não desapareceu a mentalidade mágica). No período dos oito anos aos onze, percebe Deus pelas qualidades que aprende na catequese. Deus está em todo lugar, é “grande”, bom e justo, belo e cheio de amor... A criança enriquece sua linguagem religiosa, está na idade onde o pensamento é concreto, por isso, quer saber onde está o céu, como se chega lá, se Deus tem varinha mágica para fazer milagres etc. Esta fase é também a idade da escolha, do primeiro sim ou não a Deus. Começa a se esforçar por atuar de acordo com o bem que conhece, aparece a consciência moral e o sentido de responsabilidade e de justiça. Quer saber o porquê das ordens que recebe, sente-se reservada e com pudor. Percebe reciprocidade entre falta e o castigo.
Já dos seis até oito ou nove anos a criança não tem noção de graus morais (pecado grave ou leve), não se pode qualificar suas faltas como graves ou mortais. Pelos nove anos a criança começa a tornar-se responsável pelos seus atos e adquire o sentido da justiça. Começa a distinguir que não é o castigo que determina a gravidade do pecado, mas a intenção. Mas, a criança é capaz de perceber sua atitude pessoal em relação a Deus e ao amor que Ele tem por ela. A noção de pecado depende do desenvolvimento da consciência moral que implica perceber o sentido de liberdade, do que voluntário ou involuntário, da responsabilidade, do intencional e da culpa, da capacidade de optar (TREVIZAN, 2006).
Portanto, é perceptível que o desenvolvimento religioso na criança depende muito do ambiente em que está crescendo e de como seus pais e, aqueles que fazem parte de sua vida, lidam com o religioso.



2.3.1 A Vivência Da Fé Na Pré-Adolescência


No princípio da pré-adolescência, pode aparecer certo ceticismo religioso, a criança está deixando o “fabuloso” e já não acredita em algumas narrativas bíblicas que lhe parecem pintadas de fantasia. A piedade e o sentimentalismo “caem”. Prefere a ação a palestras, obras de caridade à oração, os exemplos heróicos às teorias.
Por outro lado, como admira os ídolos históricos pode apreciar os heróis bíblicos e alguns santos. Nesta idade pode-se contar partes da Bíblia que contêm narrações de fatos grandiosos e de homens e mulheres de grandes qualidades.

A busca juvenil por modelos e referencias é uma porta que se abre para o processo de evangelização. Aqui está a grande oportunidade de ação evangelizadora de colocar os jovens em contato com modelos autênticos. Trata-se de uma oportunidade de apresentar, de modo especial, Jesus Cristo como o grande modelo de sua vida, para que se possa dizer com São Paulo: Já não sou e que vivo, mas é Cristo que vive em mim (CNBB, 2006 p. 49).

Descobre, nesta idade, que os membros de sua religião formam comunidade e sente desejo de fazer parte, mas deve-se ter cuidado com moralismos e autoritarismo. Como gosta de pertencer a grupos, será necessário desenvolver atividades comunitárias: passeios em grupo, campanhas ecológicas, retiros ao ar livre etc.
São pessoas em transformação acelerada. Nesta idade, a idéia de Deus deixa de ser algo difuso. Passa a ser Alguém com peso existencial na vida dos homens, e que é um ser espiritual. Podemos dizer que dos doze aos quatorze anos Ele é percebido como uma espécie de Deus da razão. Nesta fase, o pré-adolescente deseja descobrir Deus como pessoa. Deus é Alguém objetivo: Deus, Senhor, Pai, Salvador, Amigo, Irmão ou Companheiro. Os “meninos” entendem Deus como Lei e obrigação moral, estão mais atentos ao que quer deles do que ao que é para eles. Deus é uma força para ajudá-los na luta pela pureza. As meninas sentem Deus como Amor, vêem n’Ele uma presença cheia de bondade e um apoio materno/paterno. Acham que Deus protege e ama, por isso podem confiar n’Ele e confidenciar com Ele. Procuram em Deus uma segurança afetiva. Estão mais atentas ao que Deus é para elas do que ao que quer delas (TREVIZAN, 2006).

A adolescência, bem orientada, é um dos alicerces para o desenvolvimento de uma personalidade equilibrada e segura. Neste período o adolescente cresce na consciência de si mesmo, de suas potencialidades, sentimentos, dificuldades e das transformações que estão acontecendo em sua vida. Isso pode ocasionar desajustes emocionais e comportamentais, com as quais nem sempre saberá lidar. (DNC, nº 195).

Os que se encontram nessa idade não aceitam leis de fora, sobretudo dos adultos, da família. Quer decidir por si o que está bem ou mal. Prefere uma religião individual ou de pequeno grupo de amigos. Este é um tempo oportuno para as escolhas vocacionais, pois Deus aparece como o “Defensor” dos imperativos morais e como Alguém que vale a pena seguir. Não gosta de orações feitas, diz querer coisas mais “espirituais”, mas a sua oração é mais pedido de socorro, súplica interesseira e arrependimento. Podemos dizer também que nessa fase o adolescente está quase possesso por um “ritualismo mágico”. Nesta idade é percebido como pecado o que está proibido. As faltas de índole sexual são as que mais preocupam, pois também são as mais freqüentes. Neste sentido a confissão funciona como um “tranqüilizador”, ou rito mágico de purificação, do que como uma oportunidade de manifestar desejos de conversão ou de proximidade com Deus.
O sacramento da comunhão também é entendido como rito mágico. Comunga mais para eliminar mal-estar, adquirir bem-estar e para obter segurança pessoal, do que para se encontrar com Deus ou estar em comunhão com os outros. Aos treze anos pode dar-se um rompimento com a prática religiosa, fruto da imitação dos adultos, especialmente da família, que também não pratica, ou resultado da sua “crise de independência” e da sua luta contra a autoridade.
Os pré-adolecentes querem e se interessam por uma vida religiosa, mas que tudo seja feito segundo as suas normas e regras. Têm uma necessidade afetiva de ter um modelo a seguir. E seria um momento apropriado apresentar Jesus Cristo como esse modelo.



2.3.2 A JUVENTUDE E A VIVÊNCIA DA FÉ


Na adolescência e juventude, período de quatorze a dezessete anos, fase em que acontece a Catequese da Crisma para a maioria dos jovens que freqüentam a Igreja, Deus converte-se na “utopia do eu”. Partindo de suas projeções pessoais e usando a sua imaginação, o jovem projeta em Deus as perfeições que gostaria de possuir. Isto o leva a uma relação pessoal com Deus. Dá-se aqui o que chamamos de “interiorização”, pois como identifica Deus com um “eu ideal”, imagina um Deus que responda aos seus desejos e necessidades.
Há neste período três sub-fases: a descoberta da amizade: deseja experimentar e concretizar fortes laços de amizade com Deus como Pai, amigo e confidente dos seus monólogos interiores. Aliviador e solucionador dos seus sofrimentos e dificuldades materiais e morais; a idealização de modelos: deseja um Deus Herói, vencedor dos inimigos, que arrisca tudo pelos amigos, com perfeição infinita. Cristo é o modelo de super-homem; O devaneio místico-sentimental: deseja um Deus em que se possa refugiar e que o ajude a livrar-se dos conflitos da vida real. Quer isolar-se em Deus, fugindo ao mundo real. Deseja viver para sempre em Deus (TREVIZAN, 2006).
O jovem, no fundo, acredita numa força maior a defendê-lo sempre das conseqüências de desatinos e loucuras que pratica. É comum no final do ano, em vez de ter estudado bem, refugiar-se em orações e novenas para passar de ano. O jovem gostaria que Deus interviesse em sua vida, poupando-lhe as decisões, a liberdade, o compromisso. É hora de apresentar o Deus de Jesus, aquele que chama “Vem e Segue-me”, dentro da realidade, na história pessoal e social; Aquele que conduz a viver todas as situações de “cruz” e não a fugir; Aquele que é amigo e companheiro que chama a construir um mundo novo (TREVIZAN, 2006).

O jovem - assim como todo cristão - é convidado por Jesus a ser discípulo. O convite é pessoal: Vem e segue-me. Ele sempre chama os seus pelo nome. O entusiasmo provocado pelo convite é revelado por André, que corre em busca do seu irmão Simão e lhe anuncia jubiloso: “Encontramos o Messias” (Jô. 1,41). O seguimento e o testemunho até dar a vida são dois aspectos essências de resposta do discípulo. O relacionamento entre o Mestre e o discípulo significa uma vinculação pessoal com ele (CNBB, 2006, p. 27).

O que marca profundamente a religiosidade do adolescente é o desenvolvimento do seu pensamento e da sua inteligência, a crise de independência, a descoberta da intimidade pessoal, o despertar da amizade, a culpabilidade unida aos impulsos sexuais.
E junto com estes elementos está profundamente dependente da sua emotividade (no que se refere à sensibilidade) e da afetividade (no que se refere à inclinação para o outro).

A juventude é a fase das grandes decisões. Os jovens passam a assumir seu próprio destino e suas responsabilidades pessoais e sociais. Buscam o verdadeiro significado da vida, a solidariedade, o compromisso social e a experiência de fé, pois é uma sua característica ser altruísta e idealista. A juventude costuma enfrentar vários desafios como: o desencanto e a falta de perspectiva no campo profissional; experiências negativas na família; exposição a uma sociedade erotizada que lhes dificulta o desenvolvimento sexual; insatisfação, angustia, dependência química (DNC, n. 189).

Para o adolescente tudo o que vem do meio é submetido a uma reflexão crítica para ser assumido pessoalmente. Isso acontece também com a fé, não podemos dizer que se dá uma perda da fé, é apenas uma perda da segurança e das formas exteriores da fé.
É nesta linha que, recusando a religião oficial, faz sua própria religião personalizada, em que Deus está em relação com o seu “eu”, comprometido individualmente com ele, pode amá-lo e ajudá-lo nas dificuldades de relacionamento social e afetivo, sem nunca falhar. Deus é, ou deve ser, o vencedor dos combates contra as tentações. Levam muitas vezes uma luta entre o espiritual (Deus) e o carnal (sexo), pelos quinze anos, em plena “crise sexual”. Geralmente a catequese e a pregação lhe parecem longe da vida e dos seus problemas concretos: amizades, o sexo, o matrimônio, as diversões, o prazer pessoal, a oração, o sofrimento, as relações familiares, os valores da adolescência e até, muitas vezes, da própria Bíblia.
Alguns irão achar a religião um sério problema para sua vida e outros afirmam que ela deturpa a consciência, levando a constantemente os acusar de pecado. Como reação de defesa, deixam de praticar. Há também os que participam assiduamente dos sacramentos motivados pelos problemas e busca de resolução dos mesmos. Outros jovens ainda têm freqüentemente melancolia indefinida, sentimentos de culpabilidade. É importante, nesta fase como em outras da vida, o carinhoso acompanhamento de alguém capaz de comunicar amor incondicional e que lhe ajude a não ficar estagnado, mas manter-se em marcha.

Nesta fase, freqüentemente, se notam também o afastamento e a desconfiança em relação á Igreja. Não é raro se constatar entre os jovens que se encontram nesta fase falta de apoio espiritual e moral das famílias e a precariedade da catequese recebida. (DNC, nº 190)

Há pessoas que ficam paralisadas a certa altura do desenvolvimento. Podem até não superar alguma etapa. Algumas pessoas buscam só as práticas religiosas agradáveis; outras nunca deixam de ter pensamento mágico e buscam sempre manipular Deus e as forças do Além em seu favor, defesa ou benefício; algumas outras nunca assumem a responsabilidade pelos seus atos. Como podemos ver, muitas vezes as falhas na vivência da religião são impasses não superados no campo do desenvolvimento psicológico, afetivo ou relacional. A solução não virá de penitência, repetição de orações, mas de um bom acompanhamento psico-espiritual (Trevizan, 2006).
Portanto, é importante conhecer o jovem e o seu desenvolvimento religioso desde a sua infância e, a partir de sua realidade, desencadear uma caminhada de fé, de amizade e de comunhão. A catequese com jovens será mais proveitosa se procurar colocar em prática uma educação de fé orientada ao conjunto de problemas que afetam a vida do jovem.









CAPÍTULO III


ORIENTAÇÕES PARA UMA CATEQUESE COM JOVENS



Neste último capítulo desejo propor algumas contribuições para uma catequese mais próxima da realidade do jovem.

3.1 CATEQUESE COM JOVENS

A Igreja, muitas vezes, trabalha de forma equivocada com os adolescentes e jovens, em relação à metodologia e à linguagem. Confunde crianças, adolescentes e jovens, três realidades bem distintas, com problemas diferentes e metodologia própria de trabalho. Quanto a opção de trabalho pelos jovens verifica-se que as comunidades gastam mais tempo e dinheiro na catequese de crianças do que na evangelização de adolescentes, jovens ou adultos. E em relação à lógica usada no trabalho, prefere-se os jovens mais calmos, que obedecem, do que os jovens críticos e que questionam a realidade que os envolvem. Precisamos de um discurso que reforce a autonomia e a criticidade diante da sociedade e da própria Igreja. Precisamos de mais adolescentes e jovens “rebeldes” para ajudar a Igreja Católica Romana a ter mais pluralidade em relação ao mundo e a si mesma.

Percebe-se que os adolescentes da catequese paroquial mostram-se muito mais conformistas, tendo poucas criticas e sugestões para elaboração de um trabalho feito de forma diferente. Chegam a dizer que não se precisa mudar nada. Mas se isso fosse verdade, porque os crismados não permanecem na Igreja depois da catequese de crisma? (DALLA DÉA, 2007, pág. 29)

Já entre os adolescentes e jovens que não são ativos na Igreja há certas observações feitas por eles: querem que a Igreja seja acessível a eles. Uma Igreja que tenha o jeito deles de celebrar e de falar, de sentir o mundo. Querem missas mais alegres e maior participação e envolvimento da assembléia. Criticam o clericalismo de programas e de comunidades. Preferem um tipo de padre mais jovem. Aceitam e elogiam as ações sociais da Igreja, mas crêem que seria preciso ter ainda mais ação do que há hoje. Não questionam a existência de Deus, mas questionam a finalidade da Igreja na sociedade de hoje: para que serve a Igreja? Mais do que músicas alegres, palmas e um discurso pretensamente jovem, os adolescentes querem uma Igreja que lhes reconheça espaço de existência e de discursos (DALLA-DÉA, 2007).
A inculturação é conceito básico para se entender melhor a realidade estudada. Sem entrar no mundo dos adolescentes e jovens a sério, não se consegue entender nada. Assim, é mais eficaz a proposta de levar as pessoas a um seguimento de Jesus, o Cristo. Não basta falar de Deus ou de Jesus, é preciso que Jesus seja o Cristo para estas pessoas e que elas possam vitalmente comprometer-se com ele. Sem isto, a catequese se torna apenas uma etapa de uma sacramentalização absurda e sem sentido.

Se pesquisarmos os manuais de catequese de crisma, podemos encontrar um equívoco fundamental: a consciência pelo engajamento do jovem é deixada para o ultimo encontro. O adolescente tem que ter participação em sua comunidade eclesial para ser crismado e não se confirmar para que ele depois tenha participação. (DALLA-DÉA, 2007, pág. 31)

Encontramos equívocos não só nos manuais, a prática catequética também fica a desejar. Os encontros semanais, muitos no estilo “aula escolar”, mesmo que sejam criativos, não ajudam a formar um grupo de vivência, e muito menos de uma comunidade de discípulos de Cristo.
Então é preciso trabalhar de modo diferente com o jovem. É preciso mudar o ambiente e formar uma nova atmosfera de engajamento e de responsabilidade. Necessita-se de uma forma que inclua o lazer, a espiritualidade, a convivência de grupo e o conteúdo do que se quer afirmar: o discipulado de Cristo.










3.2. Conteúdo da Catequese com Jovens


A Catequese com jovens supõe, então, uma maneira nova de trabalhar o conteúdo. A fé cristã possui um conteúdo que é uma mensagem que deve ser vivida e não apenas aprendida.
A mensagem cristã deve ser apresentada de maneira gradual, pois também Deus se revelou e revela de maneira progressiva e gradual. A mensagem cristã também precisa ser traduzida numa linguagem que todos entendam. É preciso saber falar a linguagem do Jovem, saber traduzir a mensagem cristã, na linguagem das “juventudes”. Esse é um grande desafio.
A catequese é sempre um processo, ou seja, uma caminhada em que vamos aprofundando e fortalecendo a fé e a vida. Não se resolve com um curso rápido, pois ela exige mudança de vida.
O processo catequético deve ensinar aos jovens a felicidade, dar razões para viver, ajudar a encontrar sentido de vida, isso é sinal de Salvação.

Esta Boa Noticia da Salvação (evangelho) é para toda a humanidade. Jesus deu aos discípulos a missão de evangelizar. Esta missão é fonte de verdade salvifica, de toda disciplina de costumes comunicando aos dons divinos e isto foi fielmente realizado pelos apóstolos. A Igreja, sinal (sacramento) supremo de sua presença salvadora na história, transmite a revelação e anuncia a salvação através do mesmo processo pedagógico de palavras e obras, sobretudo nos sacramentos. Ela esta convencida de que sua principal tarefa é comunicar esta Boa Nova aos povos: ela está a serviço da evangelização, exercendo o ministério da palavra do qual se faz parte a catequese. ( DNC, nº 22)

A mensagem cristã é uma mensagem de Salvação e visa a felicidade, a realização da pessoa e faz promover esta felicidade na família, no trabalho, e no dia a dia. O processo de educação da fé é, portanto, libertador porque visa libertar a pessoa toda e todas as pessoas. Quer levar o jovem a encontrar o sentido da vida e a alegria de ser cristão,

A catequese possui forte dimensão antropológica. E, por isso, ela precisa assumir as angustias e esperanças das pessoas, para oferecer-lhes as possibilidades da libertação plena traduzida por Jesus Cristo. Nesta perspectiva, as situações históricas e as aspirações autenticamente humanas são parte indispensável do conteúdo da catequese. Elas devem ser interpretadas seriamente, dentro do seu contexto, a partir das experiências vivenciais do povo de Israel, à luz de Cristo e na comunidade eclesial, na qual o espírito de Cristo ressuscitado vive e opera continuamente. (DNC, n. 42).

O conteúdo da catequese com jovens deve provocar uma experiência de Vida, de Fé e Amor. Os temas tratados no processo de educação da fé dos jovens, devem aprofundar a mensagem de salvação e levar a uma vivência cristã. Eles são os assuntos que devemos propor à medida que o jovem caminha e cresce na vivência de comunhão e no seguimento de Jesus Cristo. Os temas ajudarão a melhorar a vida cristã na comunidade e a nossa missão Evangelizadora (TREVIZAN, 2006).

O verdadeiro discípulo de Jesus é missionário do reino. “As comunidades eclesiais tenham viva consciência de que aquilo que foi uma vez pregado pelo senhor deve ser proclamado e espalhado até os confins da terra. Não há, portanto, autêntica catequese sem iniciação à missão, inclusive além fronteiras, como parte essencial da vocação cristã. (DNC n. 53)

O conteúdo da catequese com jovens deve levar o jovem a refletir sobre a realidade da pessoa humana, suas angústias e esperanças, tendo como inspiração e modelo a Pessoa de Jesus Cristo, sua vida e missão: a construção do Reino de Deus. A realidade do jovem é também conteúdo da catequese. Os assuntos tratados tem o objetivo de fazer dele um discípulo de Jesus Cristo.



3.3 O Método da Catequese


Método é uma palavra grega que quer dizer caminho, estrada que leva a um ponto de chegada. É um modo ou maneira de fazer alguma coisa em vista de um resultado ou fim desejado. É o caminho que o catequista e toda a catequese percorrem para chegar ao objetivo que se deseja alcançar. Método entende-se como um procedimento, uma ação planejada e deve ter presente o conhecimento da realidade da vida dos catequizandos, objetivos claros e concretos.

A idade e o desenvolvimento intelectual dos cristãos bem como o seu grau de maturidade eclesial e espiritual e muitas outras circunstâncias pessoais exigem que a catequese adote métodos muito diversos, para poder alcançar a própria finalidade específica: a educação para a fé. Uma tal variedade é também exigida, num plano mais geral, pelo meio sócio-cultural em que a Igreja desenvolve a sua atividade catequética (CT n. 51).

Na catequese realiza-se uma inter-ação entre experiência de vida e a formulação da fé; entre a vivência atual e o dado da tradição. De um lado a experiência de vida levanta perguntas; de outro, a formulação da fé busca a explicitação das respostas a essas perguntas.

Essa confrontação entre a formulação da fé e as experiências de vida possibilitam uma formação cristã mais consciente, coerente e generosa. Por esse método, a vida cristã é discernida à luz da fé e desenvolve-se uma co-naturalidade entre culto e vida: acolhemos com alegria o atual anseio de, nas celebrações litúrgicas, celebrar os acontecimentos da vida no Mistério Pascal de Cristo. (DNC nº 152-154)

A catequese também usa tanto o método indutivo como o dedutivo porque ambos, de maneiras diferentes, se prestam a interação fé e vida. O método indutivo parte do particular para o geral. No caso da catequese, parte-se das situações, das inquietações humanas e experiências religiosas para chegar às respostas da fé. O método dedutivo parte de um dado mais geral (Bíblia, Magistério, doutrina, formulações litúrgicas) para deduzir daí as conclusões práticas específicas, particulares para cada situação. Na catequese, isso significa apresentar as verdades fundamentais e, a partir daí, ver as conseqüências de sua aplicação aos problemas humanos.

Ente ambos há uma sintonia e complementação como aponta o diretório Geral da Catequese: “o método indutivo não exclui, antes, exige o método dedutivo, que explica e descreve os fatos,a partir de suas causas. Mas a síntese dedutiva terá pleno valor somente quando tiver sido realizado o processo indutivo”. (DNC n. 156).

Já o método ver, julgar e agir, por experiência e tradição na pastoral latino-americana tem trazido segurança e eficácia na educação da fé, respondendo às necessidades e aos desafios vividos pelo povo. Mas, o termo julgar está sendo substituído por iluminar. Nesse processo é acrescentado o celebrar e o rever. Trata-se de um processo dinâmico na educação da fé.

VER é um olhar crítico e concreto a partir da realidade da pessoa, dos acontecimentos e dos fatos da vida. ILUMINAR é o momento de escutar a Palavra de Deus. Implica a reflexão e o estudo que iluminam a realidade, questionando-a pessoal e comunitariamente. AGIR é o momento de tomar decisões, orientando a vida na direção das exigências do projeto de Deus. CELEBRAR é momento privilegiado para a experiência da graça divina. REVER é o momento para sintetizar a caminhada catequética, valorizar os catequista e os catequizandos, aprofundar as etapas do planejamento proposto, revendo os conteúdos e os compromissos assumidos. (DNC ns. 157-162)

O método do trabalho em grupo é importante para favorecer o desenvolvimento dos valores individuais e coletivos dentro de um determinado campo social e catequético. A técnica de oficinas, aplicada a catequese, ajuda a realizar uma reflexão participativa e a promover o encontro da teoria com a prática na evangelização.

É uma técnica que desenvolve um tema mediante a construção coletiva, confrontando-o com a Palavra de Deus e coma vivencia comunitária. Visa a caminhada catequética e a solução de problemas; é o lugar para fazer pensar, redescobrir, reinventar novas formas de ver e de rever a pratica, de conviver a agir segundo o Evangelho. (DNC n. 164).

O princípio inspirador de todos os métodos é o chamado “Princípio da interação”. O mais importante é a pessoa dentro de um processo de aprendizagem, de descoberta, de buscas e de crescimento mútuo. É a pessoa com sua experiência que assume um valor inquestionável. A catequese é feita com adultos, crianças e jovens, sujeitos ativos e parceiros no processo.



3.3.1 MÉTODO DA CATEQUESE DA CRISMA


O Objetivo da catequese da crisma é promover uma caminhada de fé que ajude o jovem a crescer como pessoa, a descobrir sentido de vida e assumir sua missão na comunidade e no mundo. Assim, o método é o caminho que se segue para chegar ao objetivo proposto (Trevizan, 2006).
A Catequese da Crisma deve trilhar o caminho da participação, da interação da fé e da vida, da reflexão, dos debates. A caminhada deve ser dinâmica e criativa, levando em conta o jeito de ser e viver do jovem, ou então, causará com certeza desânimo e muitos cairão fora da catequese da crisma (Trevizan, 2006).
A metodologia da catequese da crisma deve contemplar o conhecimento da realidade do jovem de hoje, deve ter objetivos claros, concretos e deve ter um procedimento planejado, participativo, comunicativo, que envolva a todos os jovens em forma de processo, onde a vida de cada um e da comunidade tenha prioridade.
O método define o estilo e o modo de fazer a catequese. Tem incidência direta sobre a vivência das pessoas, a forma de organizar a catequese, de criar relações fraternas e comunitárias.

A evangelização da nova geração de jovens não pode permanecer somente no nível das idéias e da formação teórica. Não se constrói comunidade cristã só com idéias. Há necessidade de descer ao nível da afetividade, de viver relações de fraternidade voltada para o discipulado. Nosso esforço será criar condições para que as pessoas possam viver relações de solidariedade e de fraternidade que permitam sua maior realização, no contexto atual. Comunidade pressupõe amizade, calor humano, a aproximação afetiva e um projeto de vida comum. (CNBB, 2006, pág. 41)

O mais importante na Catequese da Crisma é o jovem dentro de um processo de aprendizagem, de descoberta, de buscas e de crescimento mútuo. O jovem possui uma vivência que assume um valor inquestionável para a catequese. Os jovens precisam ser sujeitos ativos e parceiros no processo catequético.
A metodologia da catequese também deve visar ser um processo de aprendizagem que cative o jovem, que o respeite como ele é. Deve partir de suas inquietações, perguntas, sonhos e conquistas. A catequese de crisma deve incentivar e dar valor na vivência grupal, trabalhar as motivações individuais, e perceber que cada jovem pode e deve contribuir com sua sabedoria e experiência para o conteúdo da catequese. Deve valorizar momentos celebrativos, favorecer momentos de brincadeiras, confraternizações (Trevizan, 2006).
A catequese da crisma tem também como objetivo Criar Laços. Fazer uma experiência de fé e de vida, em grupo, na comunidade cristã. Promover uma vivência de amizade, de debate, de partilha, de criatividade (TREVIZAN, 2006).
O catequista deve ser aquele que promove Encontros. Promove encontros entre as pessoas, das pessoas consigo mesmas, com Deus e com a comunidade cristã. E a catequese deve ser lugar do encontro dos jovens entre si e com Deus. Vimos nas primeiras partes desse trabalho que o jovem está sempre em busca de um “lugar” onde possa se sentir “inteiro”, onde possa se sentir acolhido. Os verdadeiros encontros são profundos, sempre mudam algo na vida das pessoas que se encontraram. Quanto mais amor há, maior é a saudade e o desejo de retorno. Assim também na catequese da crisma, quanto mais amizade, fraternidade houver entre os jovens, maior será o desejo de “ficar” e retornar. A Catequese é então aquela que proporciona aos jovens uma vivência de Amor (TREVIZAN,2006).
Não adianta os catequistas apenas falar de Deus, tecer teorias e mais teorias do amor de Deus. É preciso levar o jovem a experimentar Deus e seu amor. A catequese é sobretudo uma vivência. E nessa vivência o jovem precisa perceber que Deus se revela na experiência concreta da amizade, de comunhão, de partilha, de solidariedade, diálogo, celebração.
Nos encontros de catequese de crisma é fundamental o jovem perceber que o seu catequista preparou aquele momento com muito carinho e responsabilidade. Como a catequese quer promover o amadurecimento da vida, o catequista evita brincadeiras e músicas que infantilizam os jovens. Trata a cada um com igualdade, não se considera superior a ninguém. Deve ser oferecido ao jovem um espaço que o faça se sentir bem. É preciso trabalhar com uma metodologia que contemple seu jeito de ser. Jovem gosta de música, sua “cultura” (jeito de viver) é musical. Por isso música não deve faltar nos encontros. O jovem produz “cultura” é preciso que o encontro seja espaço de produção de reflexão, de materiais, de debates, de músicas, de painéis etc. A cultura atual é a da imagem. Por isso é importante trabalhar com gravuras, com filmes, com pinturas etc (TREVIZAN, 2006).
Saber conduzir a conversa, o diálogo é fundamental num encontro. O segredo do Encontro é o diálogo. É saber lidar com os sonhos, as dores, as alegrias, os vazios, as esperanças e decepções de cada um. Num verdadeiro encontro, não há perdedores e vencedores, mas a delicada arte da participação, do envolvimento. O catequista é a pessoa que provoca a “revelação” de cada um.
Nos encontros de crisma é importantíssimo que haja sempre um debate, um diálogo, um espaço para que o jovem fale e exponha sua idéia. O ponto de partida deve ser sempre o que cada um pensa do assunto proposto. A experiência de cada pessoa pode ser positiva ou negativa. Se não levarmos isso em conta, a mensagem, não os atinge, nem é assimilada (Trevizan, 2006).

Trata-se de caminhar e dialogar com os jovens, partindo de suas vidas e preocupações, iluminando estas preocupações com a dimensão da fé, e incentivando a uma ação concreta de mudança pessoal ou de situações. A evangelização dos jovens exige uma nova linguagem para se comunicar com eles. (CNBB, 2006 p. 51)

No final do Encontro, deve-se chegar a algumas conclusões. É o momento em que o grupo, com a ajuda do catequista, verifica o que muda na vida, no jeito de pensar, a partir da conversa do encontro. Verifica também que conseqüências práticas o encontro provocou. A partir daí, o catequista cria um “clima” para celebrar a vida e a fé: o que o grupo e cada um dos crismandos tem a dizer a Deus a partir do que está vivendo e do que descobriu no encontro.
Portanto, todos os encontros de catequese devem partir da realidade de cada jovem, levando em conta suas experiências e fazendo do encontro um espaço para acolhê-lo do seu jeito.



4. UMA SUGESTÃO: RETIROS COM JOVENS


Na perspectiva de melhorar a catequese com jovens, consta-se que a experiência com retiros em finais de semana, tem dado muito certo. O retiro, mais próximo do que Jesus mesmo fez com seus discípulos, possibilita uma conivência vital entre as pessoas, de forma a se ver os pontos positivos e os negativos delas e se poder trabalhar isso durante os encontros. É a convivência vital que cria o grupo, a comunidade. Sem isto, não pode haver discipulado real (DALLA-DÉA, 2007)
O retiro possibilita uma coisa que não se tem na maioria das catequeses semanais: acompanhamento de convivência, de espiritualidade, de liturgia e de leitura bíblica, além da sadia separação dos pais. Também o retiro possibilita que se possa ter uma equipe de catequistas de crisma, que não trabalhe de forma individual, mas que forme um grupo de catequistas monitores. Não adianta apenas dizer aos jovens o que eles devem fazer ou como se devem comportar. É preciso que eles tenham modelos de comportamento e de vivência com pessoas mais velhas que não se comportem como seus pais. Nesse estágio, os adolescentes precisam de adultos significativos. Mas, um retiro apenas não basta. Esta é a limitação desses retiros. Sem mais acompanhamento, o retiro se perde em si mesmo. É preciso continuidade e acompanhamento (DALLA-DÉA, 2007).
Embora todos falem em encontros, a dinâmica pedagógica que está detrás de muitas das nossas catequeses é de uma aula, seja criativa ou não. Em retiros, os catequistas são obrigados a formar uma equipe de confecção de retiros e a se reunir periodicamente para o planejamento e a aplicação conjunta de técnicas, orações, limpezas e etc.
Retiros permitem trabalhar o elemento surpresa, a novidade, o lazer, as amizades que se formam. Ao tirar o adolescente da sua rotina familiar e educacional, os adolescentes recebem os retiros como algo positivo. As paróquias que adotam um retiro anual antes da crisma já perceberam que muita coisa muda depois do retiro: os adolescentes ficam mais integrados e mais motivados. Assim, outras paróquias mudaram o retiro para o início do ano catequético, assim os jovens, começam motivados (DALLA-DÉA, 2007)

Nada de dar catequeses semanais. Os retiros são atividades únicas para os adolescentes e devem considerar o conteúdo resumido da catequese de crisma. Após esta caminhada de retiros de final de semana, pousando e convivendo juntos, os adolescentes já têm histórias e amizades suficiente para formar um grupo de jovens. A proposta é que os retiros sejam eles mesmos um meio de evangelizar dos adolescentes e jovens para uma caminhada conjunta na Igreja. (DALLA-DÉA, 2007, pág. 32)

O crescente aumento da adolescência preocupa muitos pais e muitos adultos. Cada vez mais os adolescentes tendem a se tornar dependentes dos seus pais e estes dependem de suas crianças crescidas. Os retiros permitem criar um espaço de autonomia ao ir criando um distanciamento e uma ruptura monitorada entre pais e filhos, saindo do espaço familiar e criando um espaço de convivência entre os jovens. Por isso, é muito importante que os retiros sejam o fim de semana completo: de sexta á noite ao domingo de tarde. Os retiros vão constituir um espaço onde eles aprenderão a ser Igreja sem a exigência demasiado dura de adultos moralistas. Por isso, os retiros devem criar espaço de relacionamento que valorizem os esforços e a criatividade, minimizando e corrigindo erros de forma pedagógica e progressiva (DALLA-DÉA 2007).
A catequese de crisma, em muitos lugares, se resume em apenas a repetição do conteúdo da Primeira Eucaristia, com um pouco mais de aprofundamento e isso não avança no aprofundamento de vida cristã dos adolescentes. Os retiros devem usar linguagens e metodologias que eles entendam e sejam criativas. Os retiros não serão lugares de lazer, mas lugares em que o lazer faça parte da metodologia catequética, possibilitando uma interatividade entre eles, entre catequistas e de todos com Cristo: a espiritualidade deve contemplar momentos fortes, com liturgias contextualizadas.
Os trabalhos em grupos devem gerar discussões e ir levando os crismandos a perceber a proposta de Jesus para a Igreja, a pessoa e a sociedade, tendo em vista o Reino de Deus. Por isto, o trabalho criativo com a Bíblia e seu conteúdo adquire grande importância nestes retiros.

Os retiros não podem ser formas de tutelar os adolescentes, mas pelo contrario, precisam ser espaços de emancipação deles. Assim, eles devem ser estimulados a servir e aprender a servir. A organização do encontro deve ficar a cargo de uma equipe, mas eles não devem ser isentos de responsabilidades. Começando de trabalhos pequenos, devem ir assumindo trabalhos mais complexos, como preparar e criar liturgias, ajudar na avaliação, etc. Servir é uma atitude a se ensinar na catequese, pois faz parte da caminhada de um discípulo do Senhor Jesus (DALLA-DÉA, 2007, pág. 33).

Uma falha importante na catequese de crisma é que ela não trabalha conjuntamente com os pais e padrinhos dos jovens. Uma forma simples é escalar os pais e padrinhos para assumir a cozinha e parte da organização do encontro.
Os adolescentes e jovens parecem ser mais exigentes com a Igreja do que ela com eles. Estão esperando que a Igreja leve-os a sério. Eles querem um espaço e um método que traduza a afirmação de que eles são interlocutores da Igreja (DALLA-DÉA, 2007).



5. GRUPOS DE JOVENS


O jovem de hoje busca desesperadamente contatos sociais. Ele busca espaços para encontrar outros jovens, para discutir temas que lhe interessam.
Os jovens buscam lugares onde possam encontrar as suas futuras namoradas e os seus futuros namorados. Buscam locais onde possam dançar, jogar futebol e “trocar idéias”. Se nós não lhes oferecermos tais espaços, eles os buscarão em outro lugar.
Diante dessa situação, podemos pensar em criar espaços novos para aqueles jovens que não se sentem atraídos pelos grupos existentes. Deve-se criar grupos alternativos, nos quais não se apresente como tema principal à oração, a espiritualidade e a religião, mas se ofereçam espaços de convivência de fraternidade.

Os grupos estritamente religiosos, não há dúvida, desempenham importante papel para aqueles que têm essa expectativa. Seria interessante criar grupos para aqueles que buscam contatos sociais e amizades. Grupo em que será possível dançar, discutir qualquer tipo de assunto, ouvir música, assistir a filmes e em que – por que não? – os jovens poderão encontrar suas namoradas e os seus namorados. (BLANK, 2004, pág. 17)

Guardando as devidas proporções, é louvável formar um grupo em que ninguém seja pressionado para abraçar certo tipo de religiosidade, mas em que cada um simplesmente seja aceito como é – e, por causa disso, se sinta bem.
À medida que tentarmos realizar esse postulado, haverá a chance de recuperar aqueles jovens que hoje simplesmente estão fora porque não gostam daquilo que lhes é oferecido.
Fazer parte desse grupo de jovens é tornar-se o distintivo de uma juventude moderna, aberta, interessada nos problemas nos mundo de hoje, a qual passo a passo, se deixe engajar também na transformação deste mundo, conforme o grande ideal do Reino de Deus, sem, por causa disso, ter de passar por longos exercícios religiosos.
Em tais grupos haveria espaço para discutir de tudo: sexo, drogas, filmes, desemprego, estudos, namoro, problemas sociais, músicas, esporte... e até religião. Esses espaços humanizados possibilitariam aos jovens ter uma convivência de amigos e amigas, sem serem forçados a aceitar exigências religiosas; deles a religião faria parte não como doutrina, mas como pano de fundo.
Tal grupo pôde funcionar em primeiro lugar na base da comunhão e da participação, compreendendo as suas atividades como “atividades de humanização” e nunca doutrinação.
O desafio é criar um verdadeiro movimento de grupos de jovens com as características do jovem atual. Um movimento moderno, dinâmico e jovem, que não se apresentasse em primeiro lugar como religioso. Esses grupos não podem e não devem ser grupos de oração. Estes grupos já têm seu lugar garantido, atraindo certo público.
Tais grupos devem atrair outro público. Devem atrair aqueles que até agora não acharam espaço em nossas Igrejas, mas apesar disso, gostariam de estabelecer contatos sociais de um nível sério.

À medida que oferecemos tais espaços podemos recuperar esses jovens. É o serviço ao mundo e não a formulação de imposições, que garante à Igreja um futuro dinâmico e transformador, em que ela, cada vez mais, se tornará a cidade construída sobre o monte, a luz para um mundo que procura desesperadamente a luz. (BLANK, 2004, pág.19)

As reuniões dessa nova forma de grupo de jovens deveriam acontecer semanalmente, talvez poderia ser num horário mais cômodo para os jovens, para não atrapalhar sua agenda reservada para hora de lazer jovem. Tal horário deveria ser discutido pelos próprios membros, chegando a um senso comum (Blank, 2004).
O coordenador do grupo deverá estar atento aos diversos assuntos atuais e tentar fazer com que o grupo dirija a discussão e não somente um fique falando. Para tanto é preciso ter acesso à revistas, jornais, internet, livros para que assuntos diversos possam aparecer. O coordenador deveria levar os participantes a uma boa integração do grupo.
As diversas dinâmicas que o grupo acolher precisaria de recursos como, por exemplo, uma tv, vídeo, reto-projetor, etc.
Seria interessante que no Grupo de Vida fossem convidadas sempre pessoas capacitadas em alguma área para estar colaborando com o crescimento humano-afetivo dos membros: psicólogos, psicopedagogos, professores, padres, pastores, médicos, pais e mães, jovens que um dia viveram nas drogas ou no álcool, etc.
O local desses encontros deveria ser em qualquer lugar, excetos em lugares que distorceriam uma mentalidade não religiosa do grupo, como por exemplo, dentro da igreja ou sala pertencente à uma. Poderia ser realizada em escolas, centros comunitários ou até mesmo nas casas dos membros dos grupos.
Portanto, essa nova forma de evangelização quer atingir os jovens que querem continuar católicos, mas não querem um grupo de jovens voltado somente para oração. Mas querem um grupo de jovens com a sua cara, que os acolha em suas necessidades, que fale sua linguagem, que faça do lazer e da amizade um método louvável de transmissão da fé.







CONCLUSÃO


Uns dos trabalhos mais edificantes e privilegiados é a transmissão de fé para a juventude. Mas, vimos que tal atitude exige que a catequese tenha a sensibilidade de perceber que o jovem necessita de uma metodologia e prática toda especial para fazer da catequese algo prazeroso para o jovem. E, para tanto, é preciso ter um conhecimento profundo da realidade pós-moderna que o jovem está inserido e toda a conseqüência afetiva, social, psíquica dessa realidade na conduta moral e religiosa da juventude. Também é importante conhecer os anseios e desejos, alegrias e frustrações da juventude e como se sentem no mundo atual. Precisamos oferecer respostas e caminhos, sobretudo aos jovens que vem sendo formados e acolhidos em nossas Igrejas.
Vimos que é necessário ter uma boa compreensão do que é catequese, entendendo-a como processo de transmissão de fé, uma caminhada que se faz junto ao jovem, tornando-o capaz de ter autonomia pessoal perante as provações de sua vida social e comunitária. E, sobretudo, o catequista deve ser testemunho de cristão ao jovem, pois é sem dúvida a melhor forma de estar levando o jovem a um encontro pessoal com Deus.
O jovem sempre está a procura de um modelo a seguir. Como vimos nas considerações do último capitulo, é preciso ter em mente que o jovem é dinâmico e busca novas maneiras de viver a vida. Então, a prática catequética deve acompanhar tal dinamicidade levando a catequese a ter cada vez mais o “rosto” do jovem. É preciso inovar, deixar de fazer da catequese algo pesado e cansativo para o jovem. É preciso agir diferente, fazer com que o jovem seja protagonista da catequese. A catequese, por sua vez, deve buscar novas maneiras de mostrar aos jovens como é bom ser cristão e fazer parte de uma comunidade cristã. O fundamental é levar o jovem a fazer uma experiência pessoal com o Cristo, uma experiência de amor. Que o jovem perceba a presença de Deus em sua realidade.
Por fim, não é verdade que os jovens não querem nada com a Igreja. O que eles não querem é uma Igreja sem projeto e que não os leve a sério. A catequese tem que fazer dos jovens pessoas apaixonadas por Jesus Cristo e comprometidas com a causa do Reino. Este é o desafio. Sem discipulado em grupo e sem esforço coletivo, a catequese vai ser apenas uma aula de religião.
Fim

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Um jovem me pediu socorro

Um jovem me pediu socorro de um jeito tão sincero que me assustou. Tinha saúde, beleza e juventude; como poderia ajudar alguém que tem tudo que eu gostaria de ter e já não tenho mais? Um jovem me pediu socorro. Tinha sangue no olhar, me causou medo! Senti punhaladas magnéticas, parecia não me ver! Como poderia ajudar alguém que nem toda ajuda do mundo mudará sua alma? Um jovem me pediu socorro de uma forma tão apressada que me parou. Tinha a urgência estampada na testa. Como poderia ajudar alguém que quer pular etapas da vida e ir para um futuro. Onde tem tudo planejado, e espera ser melhor? Todo o conhecimento do mundo não vale nada se não brotar na hora exata em que precisamos. Toda riqueza material fica a desejar se não puder enriquecer também a alma. Todo o tempo do mundo é pouco se não soubermos viver um dia de cada vez. O jovem tinha medo, e não sabia do que. Mas é jovem, pode esperar o que vem depois...Se o tempo assusta também amadurece. As respostas que procuram, virão. E poderão ser outras bem diferentes das que eu tenho prontas. O que hoje parece certo, amanhã é questionável, descobri com suas dúvidas que eu, como já sabia, não sou o dono da verdade. Um jovem me ofereceu socorro, e eu aceitei, pois: ele tem sua própria resposta.
Marcos Ferreira Lima Neto, Revista Mundo Jovem.