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Sou pároco da Paróquia São Judas Tadeu de Poços de Caldas - Coordeno a Pastoral da Juventude Setor Poços - Diocese de Guaxupé - vivo para servir e sirvo para viver!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Algumas dicas de metodologia de crisma

1. Musica ambiente em nos encontros de crisma

Se houver música ambiente nos encontros de crisma, de preferência música suave, a ação catequética ganha uma dimensão emocional. Sem a emoção, o conhecimento não possui paladar.
A música ambiente tem três grandes metas. Primeiro, produzir a educação musical e emocional. Segundo, gerar o prazer de aprender durante os encontros. Terceiro, aliviar a síndrome do pensamento acelerado (SPA), pois aquieta o pensamento, melhora a concentração e a assimilação de informações. A musica ambiente deveria ser usada desde os primeiros encontros de catequese infantil.
Os efeitos da música ambiente nos encontros da crisma. Relaxam os catequistas e animam os crismandos. Os jovens amam música agitadas porque seus pensamentos e emoções são agitados. Mas depois de ouvir, durante seis meses, músicas tranqüilas, a emoção deles é treinada.


2. Sentar em círculo ou em U


Apesar de ser tão inofensivo enfileirar os crismandos um atrás do outro, esta disposição é lesiva, produz distrações e obstrui a inteligência. O enfileiramento dos crismandos destrói a espontaneidade e a segurança para expor as idéias. Gera um conflito caracterizado por medo e inibição.
O mecanismo é o seguinte: quando se está num ambiente social, detona-se um fenômeno inconsciente em frações de segundos, chamado gatilho na memória, que abre certos arquivos que contém insegurança e bloqueios, gerando um estresse que obstrui a leitura de outros arquivos e dificultando a capacidade de pensar.
Basta que no sistema escolar o aluno sente dois anos enfileirados para gerar um trauma inconsciente. Um trauma que produz um grande desconforto para expressar opiniões em reuniões, fala “não”, discutir dúvidas em reuniões. Alguns adquirem um medo traumático de receber críticas, por isso se calam para sempre. Outros são superpreocupados com o que os outros pensam e falam a respeito deles. O esquema de sentar enfileirados gera conflitos nos crismandos sem perceber. Além de bloquear a capacidade de argumentar, o enfileiramento coloca combustível no Síndrome da Pensamento Acelerado. O pensamento dos jovens vai a mil por hora.
Imagine um jovem obrigado a ficar sentado, inerte, e, ainda por cima tendo como paisagem á sua frente a nuca dos seus colegas de classe? Para não explodir de ansiedade, eles tumultuarão o ambiente, terão conversas paralelas, mexerão com seus colegas. È uma questão de sobrevivência.
Fazendo com que os crismandos se sentem em meia lua, em U ou em circulo. Eles precisam ver o rosto uns dos outros.



Educando com os olhos: os escultores da emoção.


Os encontros de crisma não um exercito formado de jovens calados nem um teatro onde o catequista é o único ator e os crismandos, expectadores passivos. Todos são atores do processo de transmissão da fé e essa ação deve ser participativa. Seria bom que os catequistas dêem especial atenção aos jovens tímidos. Eles falam pouco, mas pensam muito,e ás vezes se atormentam com seus pensamentos. Os tímidos costumam ser ótimos para os outros, mas péssimos para si mesmo.
Os catequistas são escultores da emoção. Eduquem olhando nos olhos, eduquem com gestos: eles falam tanto quanto as palavras. Sentar em forma de U ou circulo aquieta o pensamento, melhora a concentração, diminui a ansiedade dos alunos. O clima dos encontros fica agradável e a interação social dá um grande salto.



3. Exposição interrogada: arte da interrogação


Todo estresse é negativo? Não! O estresse só é negativo quando é intenso, bloqueia a inteligência e fera sintomas. Há um tipo de estresse que abre as janelas da memória e nos estimula a superar obstáculos e resolver dúvidas. Sem esse estresse, nossos sonhos se diluem, nossa motivação se esfacela. Geralmente os encontros de crisma produzem o estresse positivo ou negativo? Freqüentemente negativo! Por quê? Devido á transmissão do conteúdo da fé de um jeito frio, pronto e sem sabor.
Essa transmissão cria um ambiente sem desafios, aventura e inspiração intelectual. Educar na fé é provar a inteligência, é a arte dos desafios. Se um catequista não conseguir provocar a inteligência de seus crismandos durante a sua exposição, ele não o educou na fé. O que é mais importante nas reuniões de crisma: a duvida ou a resposta? Muitos pensam que é a resposta. Mas a resposta é uma das armadilhas intelectuais. Quem determina o tamanho da resposta é o tamanho da dúvida. A dúvida nos provoca mais muito mais que a resposta.
Os catequistas deveriam instigar a mente dos alunos e provoca-lhes a dúvida. Como?
Realizando a exposição interrogada a cada momento. Ao falar sobre o amor de Deus o catequista deveria interrogar: “Deus é realmente amor?” “O que é amor?” “Quem é Deus?”.
A exposição interrogada gera dúvida, a dúvida gera estresse positivo, e esse estresse abre janelas da inteligência. Assim formamos pensadores e não repetidores de informações. A exposição interrogada conquista primeiro o território da emoção, depois o palco da lógica, e em terceiro tornam questionadores e não uma massa de jovens manipulados pela mídia e pelo sistema.
A exposição interrogada transforma a informação em conhecimento, e o conhecimento em pratica da fé. O melhor catequista não é o mais eloqüente, mas o que mais instiga e estimula a inteligência.


4. Ser contador de histórias


Educar é contar histórias. Contar histórias é transformar a vida na brincadeira mais séria da sociedade. A vida tem perdas e problemas, ma deve ser vivida com otimismo, esperança e alegria. O mundo é serio e frio demais. As notícias diárias denunciam crimes, desgraças, mortes. Toda esta avalanche de notícias ruins é arquivada na memória dos jovens, gerando cadeias de pensamentos que tornam a vida triste, ansiosa e sem entusiasmo.
Temos de viver com mais suavidade. Aprender a rir das nossas tolices, comportamentos absurdos, manias, medos. Precisamos contar histórias. Os pais precisam ensinar a seus filhos, criando histórias. Os catequistas precisam contar histórias para transmitir o conteúdo da fé com o tempero da alegria e, ás vezes, das lágrimas.
Para contar histórias é necessário exercitar uma voz flutuante, teatralizada, que muda de tom durante a exposição. È preciso produzir gestos e reações capazes de expressar o que as informações lógicas não conseguem.
Há pessoas que não conseguem contar histórias? Não creio. Dentro de cada ser humano, mesmo nos mais formais, há um palhaço que quer respirar, brincar e relaxar. Deixe-o viver. Surpreenda os jovens. Nossos crismandos precisam de encontros agradáveis. Abra um sorriso, abrace os jovens, conte-lhes histórias.
Os jovens poderão esquecer de muitas coisas, mas não esquecerão de suas histórias.


5. Cruzar histórias


Muitas vezes catequistas e crismandos dividem o mesmo espaço, mas não se conhecem. Passam um tempão próximos, mas são estranhos uns para os outros. Que tipo de comunidade é esta que despreza a emoção e nega a história existencial?
Os computadores podem informar os jovens, mas apenas os catequistas são capazes de formá-los. Somente eles podem estimular a criatividade, a superação de conflitos, o encanto pela existência, a educação para a paz, para o consumo, para o exercício dos direitos humanos.
Você catequista tem uma fascinante história que contém lágrimas e alegrias, sonhos e frustrações. Contem essa história em pequenas doses para seus crismandos durante os encontros. Às vezes formamos os jovens para saberem a lidar com a doutrina, mas não sabem lidar com suas próprias dificuldades, conflitos, contradições e desafios. Temos que cruzar nossas histórias coma s histórias de nossos jovens para produzir em nós a consciência de que somos comunidade.


6. Educar a auto-estima: elogiar antes de criticar


Elogio alivia as feridas da alma, educa a emoção e a auto-estima. Elogiar é encorajar e realçar as características positivas. Tem pais e catequistas que nunca elogiam seus filhos e crismandos.
Como ajudar um jovem que falhou, agrediu, teve reações inadmissíveis? Um dos maiores segredos é usar a técnica do elogiar-criticar. Primeiro, elogie algumas características dele. O elogio estimula o prazer, e o prazer abre a mente do jovem. Momentos depois, você pode criticá-lo e levá-lo a refletir sobre sua falha.
Criticar sem antes elogiar obstrui a inteligência, leva o jovem a reagir por instinto, como um animal ameaçado. O ser humano mais agressivo se derrete diante de um elogio, e assim fica desarmado para ser ajudado.
Experimente elogiar as pessoas antes de criticá-las. Sempre há motivo para valorizar. Encontre-os. Depois de elogiá-los, faça a sua crítica, mas fale uma vez só. Não é a repetição das palavras críticas que gera o momento educacional, mas seu registro privilegiado. Se usar esse técnica durante alguns meses, a sua relação com seus crismandos vai se tornar diferente.
Não há jovens problemáticos, mas jovens que estão passando por problemas. Elogie os jovens tímidos, obesos, discriminados, hiperativos, difíceis, agressivos. Encoraje aqueles de quem os outros zombam, os que se sentem diminuídos. Ser catequista é ser promotor de auto-estima.


7. Participar de projetos sociais


Levar os jovens a se comprometer com projetos sociais é importantíssimo. O compromisso social deve ser uma das grandes metas oferecidas aos crismandos. Sem ele, o individualismo, o egoísmo e o controle de uns sobre os outros crescerão.
Promover ou participar de campanhas contra AIDS, drogas, violência, combate á fome pode contribuir para que os jovens sejam saudáveis psíquica e socialmente. È notável que o sistema regente da modernidade embute dentro da personalidade do jovem a idéia de preocupar-se somente consigo.
Os jovens que são determinados, criativos e empreendedores sobreviverão no sistema competitivo. Precisamos formar jovens que façam a diferença no mundo, que proponham mudanças, que resgatem o sentido de suas vidas. Uma das causas que levam milhões de jovens a usar drogas, a ter depressão, a ser alienados e até pensar em suicídio é que eles não têm sentido de vida, nem engajamento social. O tédio os consome. Por isso, numa atitude insana, eles partem para o uso das drogas, como tentativa de aliviar sua ansiedade e angústia, e não apenas para saciar sua curiosidade. Muitos jovens usam drogas como antidepressivos e tranqüilizantes. A caminhada da crisma precisa formar jovens pensadores, sonhadores, líderes não apenas do mundo em que estamos, mas do mundo que somos.
baseado no Livro de Augusto Cury.

2 comentários:

Anônimo disse...

Nossa ! Que mente abençoada ! Gostei muito das suas dicas e recomendo que continue fazendo esse belo trabalho de transmissão de uma fé clara e dinâmica !

Parabéns !

Muitas bençãos !
Tiago dos Anjos.

Anônimo disse...

Muito boas estas dicas, elas vem de encontro com algumas que eu já acreditava e sempre que posso ponho-as em prática. Agora, também estou aprendendo que o Espírito Santo as vezes usa algumas linguagens universais.