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segunda-feira, 23 de junho de 2008

Jovens filosofando: loucura ou sanidade?!


Francisco Nogueira Gonçalves – Professor de Filosofia do Estado de São Paulo



Foi aprovada, recentemente no Brasil, no dia sete de julho de 2006, a obrigatoriedade da Filosofia como disciplina específica dos currículos do Ensino Médio. A aprovação do Projeto de Lei (Ministério da Educação/CNE - Parecer nº 38/2006) está acompanhada de uma série de questões, ou seja, o quadro em que se insere a disciplina Filosofia continua problemático. Algumas perguntas são pertinentes: que prestígio tem essa disciplina diante de alunos que buscam no Ensino Médio o caminho para a aprovação no vestibular ou, mesmo para aqueles educandos que não poderão prestar vestibular porque deverão ingressar no mercado de trabalho como forma de sobrevivência? Qual o sentido da Filosofia, quando o mundo está mergulhado em questões de eficiência, de resolução de problemas concretos, de tecnologias avançadas capazes de produzir cada vez mais informação em menos tempo? Por que o aluno do ensino médio deve ter acesso aos conhecimentos de Filosofia? Qual a importância de tais conteúdos para a formação e vida destes estudantes? E a mais freqüente: qual a utilidade da Filosofia?
Muitas pessoas já disseram: “A filosofia é a ciência pela qual e sem a qual o mundo permanece tal e qual”, ou “o filósofo é uma pessoa em um quarto escuro, com vendas nos olhos procurando um gato preto que não está lá”. Zombarias a parte, realmente a filosofia não possui utilidade comercial. Ninguém chega a uma loja e pede: “Veja para mim dois quilos de Categorias a priori de Kant, por favor!” ou “Qual o preço da tolerância religiosa de Voltaire?”. Se as pessoas estão visando lucro por meio dos conhecimentos filosóficos ficarão de mãos atadas.
As idéias e problemas da Filosofia não são inúteis, como muitos pensam, mas são coisas vivas que não servem simplesmente para que o jovem se forme, arranje bom emprego, tenha uma casa e um carro e morra tranqüilamente com idade avançada. O ser humano é muito mais que isso. A Filosofia estimula a pessoa a sair da mediocridade e a não falar “as coisas são assim mesmo”, mas dizer “as coisas não podem ser assim”. Essa ciência pode mostrar aos jovens como viver melhor, analisando sempre a brevidade da vida. Pode mostrar que a vida também é preciosa demais e difícil demais para que nos resignemos a vivê-la de qualquer jeito. Mas qual é o caminho percorrido pela filosofia para que o jovem encontre as conclusões supracitadas?
Primeiramente, ela estimula um olhar para si, algo que poucas pessoas fazem atualmente, pois têm medo do autoconhecimento tão necessário para a auto-educação e auto-realização. E, depois de estimular as pessoas a “olharem-se no espelho”, a filosofia motiva o pensar com autonomia. Meu Deus! Como carecemos de novos pensadores, de pessoas que rompam com os preconceitos, dogmas e paradigmas e que, além de refletir, possuam uma atitude revolucionária.
Alguns afirmam que “filosofia é coisa de louco”. Um aluno meu perguntou-me certa vez: “A filosofia está associada à loucura?”. Achei uma das mais brilhantes perguntas que já fizeram para mim, pois a resposta é interessante. Respondi a este jovem que se a loucura estava ligada a não aceitar as coisas como são, a ser crítico, a ser apaixonado pela verdade e, se necessário, morrer por um ideal, sim, a filosofia está associada à loucura. Percebemos estas características nos grandes homens da história: Sócrates, Aristóteles, Santo Agostinho, Descartes, Galileu, Luther King, Gandhi (e tantos outros) e o maior de todos, Jesus Cristo.
Sócrates dizia que “uma vida sem busca não é digna de ser vivida”: isto significa que o sentido de uma vida se faz por meio de uma procura consciente de construção de sua própria história. Por isso que, uma das principais funções da filosofia é fazer com que o adolescente perceba que ele faz parte da história, que ele tem uma história, que ele é construtor da sua própria história e que, principalmente, deve-se sempre ser fiel à própria consciência.
Portanto, trabalhando a Filosofia com seu real potencial, será possível conduzir o jovem ao desenvolvimento intelectual e desenvolvimento do pensamento criativo, reflexivo e intencional, para poder dizer “não” a todo tipo de alienação, pois a Filosofia é um questionamento radical das coisas onde se busca as verdades primeiras e últimas, mas também é, e talvez antes de mais nada, crítica das ilusões, dos preconceitos, das ideologias. Toda filosofia é um combate. Sua arma? A razão. Seus inimigos? A tolice, o fanatismo, o obscurantismo. Seus aliados? As ciências. Seu objeto? O todo, com o homem dentro. Ou o homem, mas no todo. Sua finalidade? A sabedoria: a felicidade, mas na verdade. É uma pena que tantos ainda tenham receio de aceitar a “semente perturbadora da paz” da Filosofia.


Francisco Nogueira Gonçalves – Professor de Filosofia do Estado de São Paulo

2 comentários:

Unknown disse...

Uhuuuullll Chicotessss
amo você.. sucessooo
beijooo
teteh

Unknown disse...

Concordo em cada palavra que vc diz somos loucos e temos a busca incessante de que as coisas se tornem melhores....
Te adoro
luz na sua vida sempre
abraço da sua amiga Roberta