Era uma vez, não me lembro bem onde. Só sei que havia lá um lindo jardim que só de vê-lo era um sonho. Ficava ali mesmo, em frente da casa do senhor, que não resistia à tentação de passar por ali todas as tardes a saborear a brisa e a sombra. No jardim, quase ao centro, uma cana de bambu chamava logo a atenção. Alta, elegante, bela como poucas. Não admira que o senhor tivesse um fraco por ela.
Por ser bela, mas talvez também por crescer mais que todas as outras plantas, talvez por se manter retilínea e graciosa, não obstante os ventos do inverno e os calores do verão. A cana bem sabia desta preferência do seu senhor e toda se lisonjeava. Um belo dia, o senhor aproximou-se dela, um pouco constrangido, como se tivesse más notícias para dar. E quase sem levantar o olhar, disse-lhe timidamente :
- “ Caro bambu, preciso de ti.” Foi uma maravilha.
-“ Senhor – diz o bambu, feliz como nunca – sou todo teu; faz de mim o que quiseres.” Bom de ouvir, se não fosse o que vem a seguir:
- “ Bambu – o senhor não sabia mesmo por onde começar – para usar os teus serviços, vou precisar de te abater.”
- “ Abater-me?” O senhor não podia estar falando sério. Então para que fizera dele a mais bela árvaore do seu jardim? “Não, por favor, tudo menos isso.”
O senhor não se zangou. Quem é que aceita uma coisa destas sem espernear? Mas também não desistiu.
- “Meu caro bambu, se não te abater, não posso usar-te.”
E ficaram os dois em silêncio, sem nenhum saber o que dizer. Até o vento parou e os pássaros se detiveram sem um pio para cantar. Lentamente, muito lentamente, o bambu inclinou as folhas, lindas que nem sei, e disse, muito baixinho, quase como um segredo que custa dizer:
- Senhor, se não podes usar-me sem me abater, faz de mim o que quiseres e está bem, abate-me.”
- “Meu caro bambu – disse de novo o senhor – eu ainda não te disse tudo: não devo só abater-te, mas preciso tirar-te as folhas e os ramos.”
- “Ó senhor, não me faças isso; deixa-me ao menos as folhas e os ramos, que farei eu no jardim?”
E outra vez o senhor:
- “Se não posso tirar-te as folhas e os ramos não poderei usar os teus serviços.”
Então o sol não quis ouvir mais e escondeu-se; e os pássaros fugiram do jardim para não saberem do resto. E a tremer, o bambu consegui ainda dizer:
- “Está bem, senhor, corta-as.”
- “Meu caro bambu, tenho ainda uma coisa que me custa muito a pedir-te. Terei que cortar-te em dois e tirar-te o miolo. Sem isso não poderei usar-te.”
O bambu já não pôde falar; inclinou-se por terra e ofereceu-se todo ao seu senhor. Assim o senhor do jardim abateu o bambu, tirou-lhe os ramos e as folhas, partiu-o em dois e extraiu-lhe o miolo. Depois levou o bambu para junto de uma fonte de água fresca que ficava perto do seus campos, que há muito morriam de sede, ali à beira da fonte. E com todo o carinho, ligou uma ponta do bambu à fonte e a outra ao campo. A fonte dava água, o bambu começou a levar a água para o capo que há tanto tempo esperava por ela. E o campo começou a reverdecer.
Quando a primavera chegou, o senhor semeou ali arroz e os dias foram passando até que a semente cresceu, o tempo da colheita chegou e o senhor pôde alimentar toda a sua casa. Quando era grande e belo e graciosa, o bambu vivia e crescia só para si e gostava de se ver assim, esbelto e elegante. Agora, humilde e deitado por terra, tinha-se transformado num canal que o senhor usava para alimentar a sua casa e tornar fecundo o seu reino.
Por ser bela, mas talvez também por crescer mais que todas as outras plantas, talvez por se manter retilínea e graciosa, não obstante os ventos do inverno e os calores do verão. A cana bem sabia desta preferência do seu senhor e toda se lisonjeava. Um belo dia, o senhor aproximou-se dela, um pouco constrangido, como se tivesse más notícias para dar. E quase sem levantar o olhar, disse-lhe timidamente :
- “ Caro bambu, preciso de ti.” Foi uma maravilha.
-“ Senhor – diz o bambu, feliz como nunca – sou todo teu; faz de mim o que quiseres.” Bom de ouvir, se não fosse o que vem a seguir:
- “ Bambu – o senhor não sabia mesmo por onde começar – para usar os teus serviços, vou precisar de te abater.”
- “ Abater-me?” O senhor não podia estar falando sério. Então para que fizera dele a mais bela árvaore do seu jardim? “Não, por favor, tudo menos isso.”
O senhor não se zangou. Quem é que aceita uma coisa destas sem espernear? Mas também não desistiu.
- “Meu caro bambu, se não te abater, não posso usar-te.”
E ficaram os dois em silêncio, sem nenhum saber o que dizer. Até o vento parou e os pássaros se detiveram sem um pio para cantar. Lentamente, muito lentamente, o bambu inclinou as folhas, lindas que nem sei, e disse, muito baixinho, quase como um segredo que custa dizer:
- Senhor, se não podes usar-me sem me abater, faz de mim o que quiseres e está bem, abate-me.”
- “Meu caro bambu – disse de novo o senhor – eu ainda não te disse tudo: não devo só abater-te, mas preciso tirar-te as folhas e os ramos.”
- “Ó senhor, não me faças isso; deixa-me ao menos as folhas e os ramos, que farei eu no jardim?”
E outra vez o senhor:
- “Se não posso tirar-te as folhas e os ramos não poderei usar os teus serviços.”
Então o sol não quis ouvir mais e escondeu-se; e os pássaros fugiram do jardim para não saberem do resto. E a tremer, o bambu consegui ainda dizer:
- “Está bem, senhor, corta-as.”
- “Meu caro bambu, tenho ainda uma coisa que me custa muito a pedir-te. Terei que cortar-te em dois e tirar-te o miolo. Sem isso não poderei usar-te.”
O bambu já não pôde falar; inclinou-se por terra e ofereceu-se todo ao seu senhor. Assim o senhor do jardim abateu o bambu, tirou-lhe os ramos e as folhas, partiu-o em dois e extraiu-lhe o miolo. Depois levou o bambu para junto de uma fonte de água fresca que ficava perto do seus campos, que há muito morriam de sede, ali à beira da fonte. E com todo o carinho, ligou uma ponta do bambu à fonte e a outra ao campo. A fonte dava água, o bambu começou a levar a água para o capo que há tanto tempo esperava por ela. E o campo começou a reverdecer.
Quando a primavera chegou, o senhor semeou ali arroz e os dias foram passando até que a semente cresceu, o tempo da colheita chegou e o senhor pôde alimentar toda a sua casa. Quando era grande e belo e graciosa, o bambu vivia e crescia só para si e gostava de se ver assim, esbelto e elegante. Agora, humilde e deitado por terra, tinha-se transformado num canal que o senhor usava para alimentar a sua casa e tornar fecundo o seu reino.
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